Rola bosta é a palavra do ano no dicionário político brasileiro

O inseto alcançou notoriedade súbita em 2012 graças à defesa que Boff fez de Niemeyer
O subitamente popular inseto em ação

Não gosto de palavreado ofensivo em debate. Empobrece-o, na minha opinião.
Já escrevi no Diário minha baixa opinião sobre as expressões “petralha” e “PIG”. Remetem a discussões de arquibancadas, nas quais há excesso de calor e falta de lógica racional.
Dito isso, faço aqui o elogio de uma palavra que, no debate político que se trava no Brasil, simplesmente pegou, porque é leve, divertida e, não obstante, incisiva. É uma bofetada, e não um tiro. Daí o poder, daí o encanto.
É, para mim, a palavra do ano no Dicionário Político Brasileiro: rola-bosta.
Quem a trouxe foi Leonardo Boff para rebater um artigo de Reinaldo Azevedo que chamava Niemeyer de metade idiota por ser de esquerda.
Escreveu Boff:
A figura que me ocorre deste articulista (…) é a do escaravelho, popularmente chamado de rola-bosta. O escaravelho é um besouro que vive dos excrementos de animais herbívoros, fazendo rolinhos deles com os quais, em sua toca, se alimenta. Pois algo semelhante fez o blog de Azevedo na VEJA online: foi buscar excrementos de 60 e 70 anos atrás, deslocou-os de seu contexto (…) e lançou-os contra Oscar Niemeyer. Ele o faz com naturalidade e prazer, pois, é o meio no qual vive e se realimenta continuamente.
Na internet, rola-bosta virou mania, para designar colunistas de direita.
Agora mesmo, se você vai ao twitter, vai vê-la aplicada a Ferreita Gullar e a Augusto Nunes. A Gullar porque defendeu a candidatura de Joaquim Barbosa à presidência. A Nunes porque arrolou – numa lista de caráter ético duvidoso, pois num regime como o que o Brasil teve por tantos anos a partir de 1964 poderia levar à perseguição –  Luís Fernando Veríssimo como “apoiador de Lula” na categoria do jornalismo “esgotosférico”.
Não sou quem vai defender Veríssimo. Sua obra e sua biografia defendem-no melhor que ninguém.
Mas é curioso comparar “rola-bosta” e “esgotosférico”. Esgotosférico não vai pegar: é grosseiro, de mau gosto, vulgar. É falsamente engraçado, é falsamente espirituoso, é falsamente criativo.
Rola-bosta pegou porque é o oposto disso.
No futuro, é possível que jovens descendentes de jornalistas como Merval Pereira e Ricardo Noblat perguntem a seus pais: “Por que estão dizendo na escola que sou bisneto de rola-bosta?”
Paulo Nogueira No Diario do Centro do Mundo

Um comentário:

  1. ROLA BOSTA

    É um besouro de cor negra, de 12 a 17 mm de comprimento. No Brasil, existem cerca de 80 outras espécies do gênero Dichotomius, e D. schiffleri pode ser distinguido das demais pela presença de dois dentes na parte anterior da cabeça, associado à total ausência de cornos ou tubérculos na parte dorsal da cabeça e no protórax, e à presença de uma fóvea a cada lado do bordo látero-posterior do protórax.
    Essa é uma das espécies dominantes na comunidade local de Scarabaeidae da restinga arbórea (mata de mirtáceas), desaparecendo quando ocorre alteração no hábitat por remoção da vegetação ou fogo. Nos adultos, a espécie é generalista, alimentando-se de fezes, carcaças, frutos e fungos em decomposição. Os hábitos reprodutivos são desconhecidos. Na política existem centenas de Rolas Bostas, os hábitos desses vermes conhecidos é saquear cofres públicos e desviar verbas da educação, saúde, transporte, até da merenda escolar, deixando a molecada pobre sem ter como manducar uma refeição sequer. Machado e Marco Leite.

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