Ela e um rato

- Bom dia. Sou o Galdino, departamento de zoonose, com quem estou falando?
- Bom dia. Seu Galdino, tem um rato aqui olhando prá mim.

- Com quem eu falo, por favor?
- Aqui é a Marilú Antunes e... Aiiii!, ele andou na minha direção. Socorro!
- Calma, dona Marilú, nós vamos resolver isto. A senhora pode me dizer onde está?
- Trepada em cima do tanque de lavar roupa, seu Geraldino...
- Galdino, dona Marilú. Preciso saber o endereço e mais informações.
- Ai, meu Deus! Pode falar, seu Galdino. Acho que o rato está meio tonto...
- A senhora botou veneno aí?
- Eu não, quem pôs foi o seu pessoal aí da Zoonoses quando veio aqui há pouco tempo...
- E como é o veneno, dona Marilú?
- Parece uma gelatina e era alaranjada, mas agora está preta. Será que perdeu a validade? Aiii!, o rato virou-se para o outro lado... O senhor sabe se rato sobe em tanque, seu Geraldino?
- Galdino, dona Marilú. Sobe não, fique calma. Ele comeu o veneno?
- Olhei lá no pratinho e ele quase acabou...
- A senhora pode descrever o rato que está à sua frente, dona Marilú?
- Descrever, seu Galdino? É um rato enorme, um monstro horrível e nojento... Ugh!
- Qual o tamanho?
- Enorme, seu Geraldino. O rabo então... aiii!, é horrível...
- Qual a cor?
- O rabo é mais claro do que esse bicho...
-A cor do bicho, dona Marilú...
- É cinza escuro, preto... sei lá, seu Geraldino. Ui, ele está olhando pra cima, aqui pra onde eu estou. Acho que vai subir... Socorro!
- Dona Marilú, meu nome é Galdino. Outra coisa: a senhora está sozinha em casa?
- Estamos eu e o rato, seu Galdino.
- Mais ninguém?
- Meu sobrinho Reginaldo acaba de chegar, o senhor quer falar com ele?
- Não senhora, é para sugerir que peça a ele que mate o rato... Alô, dona Marilú... A  senhora está me ouvindo?
- Estou sim, seu Geraldino. É que o Reginaldo apareceu com um porrete para esmagar o coitadinho, mas eu não deixei. Ia espirrar sangue pra todo lado...
- Mas dona Marilú, é só um rato que ia subir no tanque...
- Ia, seu Geraldino. Mas não vai mais, porque o Reginaldo prendeu o rato numa caixa e o levou para o lixo que o caminhão vai recolher daqui a pouco. Está lá na rua o ratinho, fechado naquela caixa... Se é que ele vai sobreviver, né seu Geraldino?

Um comentário: