Grupos de periferia se articulam em São Paulo para defender democracia e Dilma
Cerca de 60 pessoas representando diversos coletivos e movimentos sociais que atuam em bairros periféricos da zona sul de São Paulo se reuniram na noite de ontem (21) na sede da Cooperativa Cultural da Periferia (Cooperifa), no Jardim Guarujá, para articular estratégias de combate a ideais classificados como fascistas.
Os participantes discutiram sobre a presença de grupos com símbolos associados ao nazismo e ao fascismo no ato da última quinta-feira, quando milhares de pessoas se reuniram na Avenida Paulista pedindo, entre outras pautas associadas ao conservadorismo, o fim dos partidos e dos governos. Para a frente periférica, isso, associado a palavras de ordem como “Fora Dilma”, sinalizou a intenção desses grupos de usar formas não democráticas para atingir seus objetivos. No ato, bandeiras de legendas políticas e da Uneafro foram queimadas e militantes ficaram feridos.
A avaliação preliminar do grupo em formação é que é preciso haver apoio mútuo entre movimentos sociais e partidos de esquerda, ainda que haja diversas críticas a eles, especialmente ao PT e ao governo Dilma. “Não é hora de a Dilma sair. Nós vamos responder nas urnas”, afirmou Débora Silva Maria, coordenadora das Mães de Maio.
Para a frente periférica, é preciso reafirmar os preceitos da esquerda e formular uma pauta de reivindicações unificada e objetiva que contemple as demandas das regiões mais pobres da cidade, além de não permitir que grupos de direita usem a população como massa de manobra.
Diversos bairros na cidade e em municípios da região metropolitana também têm sido tomados por manifestações. Jovens já pararam avenidas importantes da zona sul, entre elas, a Belmira Marin, que liga o Grajaú à Cidade Dutra, e a Estrada de Itapecerica, no Capão Redondo.
Há mais de uma década, o movimento Hip Hop e os saraus têm reunido forças de esquerda em bairros afastados das regiões centrais da capital paulista. Agora, acredita Sérgio Vaz, poeta e coordenador da Cooperifa, é hora de colocar em prática todo o acúmulo desses movimentos.
“Não é uma luta qualquer. É luta de classes. A gente fala tanta coisa, escreve tanta coisa. Tanta gente cita o Che Guevara, agora o Mariguella. Chegou o dia”, avaliou. Vaz acredita que o fortalecimento do conservadorismo afeta diretamente a periferia. “Normalmente sobra para a gente. Mas as balas aqui não vão ser de borracha”, afirmou.
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