Em 2006, ao realizar pesquisa para um documentário sobre Robinho, então no Santos, o jornalista Antonio Venâncio descobriu um menino de 12 anos, magrinho, com cara de menos, em quem pressentiu uma promessa de craque e resolveu entrevistá-lo
A conversa com Neymar da Silva Santos Junior foi ao ar no “Fantástico” de domingo passado, véspera da ida do jogador num voo especial para Barcelona. Tímido, ele falou de seu sonho de vir a ser igual a seu ídolo Robinho, de como daria aos pais o primeiro dinheiro que ganhasse com futebol e até confessou que era torcedor do Palmeiras.
Assim, assistiu-se a dois capítulos — o inicial e, no dia seguinte, o mais recente, o da apoteótica chegada ao novo clube — da história de uma vertiginosa ascensão social. Em menos de dez anos, o menino desconhecido se transformou num craque disputado internacionalmente, famoso e milionário, valendo R$ 157 milhões.
Como será que toda essa repentina transformação repercutirá na cabeça de um pouco mais que adolescente de 21 anos? Ele estará preparado emocionalmente para isso?
Desde Pelé, sempre que surgem trajetórias de sucesso como essa, e são muitas, a pergunta se repete. Curiosamente, a resposta é mais positiva do que se pensa. Para cada caso de desvio e perdição, tem-se exemplos como os de Ronaldo, Romário, Bebeto, Cafu, para só citar alguns de uma mesma geração.
Observadores como Tostão e o próprio Ronaldo sempre acharam que Neymar, para evoluir, deveria sair do país e ir jogar ao lado de outros craques. Pois ele vai jogar ao lado do maior deles atualmente, Lionel Messi.
Com licença de Calazans e Renato, que são os que realmente entendem do assunto (sou um daqueles quase 200 milhões de técnicos), acho que ele ainda tem muito que amadurecer e evoluir. Perseguido implacavelmente pelos marcadores, já foi chamado de “cai-cai”, e muitas vezes brilhante, com lampejos de gênio, nem sempre mantém a regularidade de seu novo companheiro de time, por exemplo.
No jogo contra a Inglaterra mesmo, ele teve um bom desempenho no primeiro tempo (sem ser extraordinário) para decair no segundo. Pesa ainda sobre sua imagem o excesso de exposição na mídia. Tem sido visto mais nas telinhas do que nos gramados “vendendo” de automóvel até cueca, sem falar nas participações em novelas, festas e outras badalações, o que o torna meio desfrutável.
Por isso, invejosos como eu já o chamam de “neymarketing”. Existe, porém, a seu favor um pai-empresário, que, espera-se, não vai deixar o sucesso subir à cabeça do filho — que suba apenas até os cabelos extravagantes.
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