O advogado carioca Eduardo Goldenberg, 44 anos, morador da Tijuca, tem algumas dúvidas na vida, mas pelo menos duas certezas:
- 1) Quem começou a foder o Brasil foi a Globo;
- 2) O que a Globo quer eu não quero”.
Foi ele quem descobriu a ação do Ministério Público que condenava a funcionária da Receita Cristina Maris Meinick Ribeiro por sumir com o processo contra a Globopar. “Eu vi os artigos sobre a dívida de 600 milhões. Quando disseram que o processo havia desaparecido, fui atrás. Pesquisei no site Consultor Jurídico e em outros lugares até encontrar a história do sumiço”, diz.
Uma vez com o número do processo, escreveu um post no Twitter avisando alguns blogueiros, que deram a notícia. Goldenberg é um farejador incansável e que trabalha sozinho (embora tenha boas fontes). A revelação teve ampla repercussão — mas ele nem sempre foi creditado como autor. “Meus amigos ficaram putos com isso. Eu não. Como não sou pavão, deixei para lá. Muitos desses blogueiros progressistas têm os mesmos vícios dos caras do PIG”.
Eduardo tem um ídolo absoluto: Leonel Brizola. (“Mito”). Se declara brizolista desde os 13 anos. Cita o político gaúcho com fervor e devoção. Conheceu-o depois de pregar uma peça na repórter Renata Ceribelli, que entrevistava a plateia num festival de música em 2000. Renata perguntava às pessoas o que elas estavam achando dos shows, quando chegou a vez de Goldenberg. Ele saca um boné e grita o slogan da campanha de Brizola para a prefeitura do Rio: “Faz um 12, Brizola!”
“Te filie ao PDT!”, disse Brizola para ele no dia seguinte. “Eu nunca quis me filiar. Mas foram conversas que mudaram o rumo da minha cabeça. Quero honrar o sentimento de independência dele”.
Herdou do “Velho”, como o chama, a ojeriza pela Globo. “Os governos têm uma relação promíscua com a Globo. Só o Leonel peitou a Vênus Platinada”. Define essa bronca como ira santa. “A Globo é uma potência mundial. Tenho orgulho de ser bloqueado por eles no Twitter. Nós somos um país dominado pela Globo. Havendo uma chance de contribuir para que os podres dela venham à tona, eu o farei. Por que o Ministério Público não correu atrás da Cristina Maris? Parece que ela teria se valido do direito constitucional de ficar em silêncio. Por quê?”
Não foi a primeira vez que Goldenberg deu um furo. Num domingo, há dois anos, estava tomando cerveja quando um conhecido lhe telefonou contando que Aécio Neves fora parado numa blitz da Lei Seca. Ele pôs no Twitter. “Em 25 minutos, aquilo estava nos jornais do país todo.” Em 2010, publicou em seu blog Buteco do Edu cópias dos editais do Diário Oficial em que as filhas de Soninha Francine eram nomeadas para cargos públicos na prefeitura de São Paulo.
Seu blog tem crônicas, memórias, Brizola, entrevistas, denúncias, Brizola, boas histórias (algumas com o amigão e cliente Aldir Blanc, gênio letrista e outro “indignado permanente”). Goldenberg gosta de advogar e avisa não é colunista, blogprog ou ativista. “A rede, bem usada, mudou a relação de forças. Eu não quero mudar o mundo”, diz. “Só quero fazer um barulhinho”.
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