Conclusões preliminares:
- As redes sociais vieram para ficar. No Brasil, ainda parecia distante da realidade o protagonismo do Facebook ou do Twitter na vida social e política.
- Índices de popularidade e aprovação de governo são provisórios e relativos. As manifestações mostraram que nem tudo vai bem, nem tudo é céu de brigadeiro, ao contrário da propaganda apologética e unilateral do governo.
- Instituições e lideranças são movidas pela intensidade da participação social. Todos se movimentaram em resposta às ruas. Dilma tentou recuperar a iniciativa política, vestindo o figurino de estadista, coisa que não fez em dois anos e meio de governo, gerando vácuo de liderança e utopia. O Congresso derrotou a PEC 37, caracterizou como crime hediondo a corrupção e destinou os royalties para educação e saúde. O Supremo decretou a prisão de um deputado federal.
- A esmagadora maioria é contra o vandalismo, o banditismo e a violência como arma política. É preciso tolerância zero contra a barbárie.
- A democracia representativa precisa ser recheada com alta dose de participação popular. A sociedade contemporânea é fragmentada e multifacetada. A democracia direta é impossível, a exclusivamente representativa se esgotou e é insuficiente.
- É preciso atualizar a discussão sobre direitos e deveres entre cidadãos de uma mesma comunidade. O direito de manifestação livre e pacífica é sagrado, mas não é maior do que o direito de o cidadão ir livremente da casa para o trabalho e vice-versa.
- A democracia demanda segurança. As forças policiais têm um papel essencial para assegurar a liberdade e a ordem constitucional. Não vivemos mais uma ditadura. Não podemos glamourizar vândalos e demonizar policiais.
- Ninguém tem o monopólio da verdade e das boas intenções. Houve um recado geral, concentrado, é claro, no Governo Federal, mas que foi também para todos os partidos, atores políticos e instituições.
- Não bastam renda e emprego. Qualidade de vida foi o centro das manifestações. Qualidade na saúde, na educação, no transporte coletivo. Prioridade social efetiva nos gastos públicos. Menos estádios e trens-balas, mais escolas, mobilidade urbana e hospitais.
- A demagogia e o populismo não são o caminho. Não podemos jogar fora o senso de responsabilidade fiscal e de equidade social nas políticas públicas e nas estratégias de fixação de tarifas e subsídios, que duramente conquistamos.
São conclusões provisórias. E é melhor aprender com o sambista: “Faça como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro, leva o barco devagar.”
Marcus Pestana
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