por Alcides Leite
Com o desgaste do governo Dilma, surgem análises políticas até então impensáveis (?). Antes da mobilização popular das últimas semanas, era dada como certa a reeleição da presidente. A dúvida era se a fatura já seria decidida no primeiro turno ou não. Os mais ousados chegavam a afirmar que poderia haver um segundo turno entre Dilma e Aécio Neves. Estes, no entanto, garantiam que a presidente era franca favorita a vencer o pleito.
Depois das grandes passeatas, as análises mudaram. Hoje todos acham que a eleição presidencial do ano que vem somente será decidida num segundo turno.
A maioria ainda pensa que Dilma tem presença garantida nesta fase da eleição, afinal, há tempo para ela se reerguer, dado o poder de fogo do governo federal. Ninguém, no entanto, se arrisca a afirmar quem, da oposição, disputará o segundo turno.
É evidente, também, que se fala na possibilidade da volta do ex-presidente Lula. É difícil. Somente um desgaste fulminante da presidente Dilma viabilizaria esta solução. E mesmo assim, me parece que Lula não cairia nesta tentação. O risco seria muito grande. Ele teria muito a perder e pouco a ganhar.
Com a queda de popularidade de Dilma, a crença de que ela não é imbatível e a falta de um candidato favorito na oposição cria-se o cenário propício à pulverização das candidaturas.
Os principais partidos aliados do PT começam a se perguntar: Por que não lançar candidatura própria e ver no que dá? De qualquer modo poderemos compor no segundo turno, vença quem vencer! Nos partidos da oposição ocorre o mesmo: Por que ir para a eleição somente com um candidato?
Neste quadro, não seria impossível ao PSB, PDT, PP, PMDB, PTB, por exemplo, decidirem lançar candidatos a presidente. Eduardo Campos, do PSB, já atua como tal. Na oposição surge a chance de José Serra ser candidato pelo PPS (ou MD), concorrendo com Aécio Neves, pelo PSDB e Marina Silva, pela Rede. Somente os Democratas teriam dificuldade de lançar um nome.
A pulverização das candidaturas favorece, por um lado o governo, que abalado, mas não fulminado, ainda tem força, e um candidato da oposição: Marina Silva, Aécio Neves ou José Serra. A candidatura de Eduardo Campos ficaria prejudicada, pois não é de governo nem de oposição.
Acredito que, o candidato da oposição que se firmar verdadeiramente como contraponto ao governo Dilma terá mais chance. Marina Silva, que ganhou muito com as últimas manifestações de rua, tem um passado muito ligado ao PT e não tem um discurso muito claro de oposição.
Aécio Neves ainda não apareceu como um crítico contumaz do governo Dilma. José Serra tem uma imagem mais consolidada de opositor. Ele concorreu com Dilma na última eleição.
Ademais, o pequeno PPS tem sido o único partido realmente de oposição no Brasil. Roberto Freire, seu presidente, não hesitou em classificar o projeto Lulo-Petista de autoritário, de feições fascistas.
A derrota de Serra na eleição para prefeito de São Paulo não o enfraqueceu como candidato a presidente. A eleição municipal segue outra lógica da eleição federal. Além disso, quem foi derrotado não foi o José Serra, e sim o seu projeto de esquentar a cadeira até a nova eleição presidencial. O paulistano sabia que Serra não iria se contentar em ser prefeito.
Faltando mais de um ano para a eleição presidencial tudo ainda pode acontecer. Mas, quem diria, há um mês, que uma revanche entre José Serra e Dilma Rousseff seria possível?
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