Amplificando o artigo do Attuch
Alvo inicial dos protestos, o governador de São Paulo volta a atrair o grito das ruas
O governador Geraldo Alckmin, do PSDB, bem que conseguiu dar o chamado "drible da vaca" nas ruas. Alvo inicial dos protestos, em razão do caos nos transportes públicos e da violência policial, ele logo foi suplantado por novos personagens – sobretudo, por seu colega do Rio de Janeiro, Sergio Cabral. O ápice desse deslocamento, numa espécie de ponte aérea da indignação, foi um protesto na Avenida Paulista, em que os manifestantes gritavam "Fora, Cabral".
Era uma manifestação tão inusitada que deixava no ar a seguinte questão: por que os paulistas seriam capazes de se levantar contra Cabral, que governa a mais de 400 quilômetros da Paulista, e não contra seu próprio governador? Uma primeira explicação poderia ser a blindagem que governos tucanos recebem de parte da mídia. Sobre o caso Siemens e seu propinoduto, detalhado por ISTOÉ, muito ainda silenciavam.
A blindagem, no entanto, não foi forte o suficiente para impedir o grito das ruas. Na última quinta-feira, manifestantes carregavam cartazes lembrando a Alckmin do episódio. "A Siemens já falou. E vc governador?", dizia um dos protestos, que terminou com 13 presos e com a polícia de São Paulo voltando a agir como de costume.
A falta de apetite de alguns veículos de comunicação diante do escândalo, no entanto, chega a ser indigna para a própria imprensa. De acordo com depoimentos de funcionários ligados à Siemens, os desvios nos trilhos do metrô paulista poderiam somar nada menos que R$ 425 milhões nas gestões de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. Na Alemanha, o presidente mundial da Siemens, Peter Loscher, acaba de ser demitido e alguns acionistas o acusam de ter dado transparência demais aos casos de corrupção internacional, em prejuízo da lucratividade. No Brasil, um ex-presidente da multinacional, Adilson Primo, também saiu acusado de manter contas secretas no exterior.
Por mais que parte da mídia prefira ainda dormir no ponto em relação ao caso, os jovens já acordaram. No dia 14, o Movimento Passe Livre, com seu impulso natural da juventude, prepara uma grande manifestação em São Paulo contra o chamado propinoduto tucano. Segundo Matheus Preis, um dos militantes do movimento, sem os desvios nas obras do metrô, as tarifas do transporte público em São Paulo poderiam custar apenas R$ 0,90.
Aos poucos, os jovens começam a devolver a Alckmin o que é de Alckmin.
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