por Luis Fernando Veríssimo
O “Estado de S. Paulo” publicou uma lista de canções brasileiras pré-selecionadas pela Rádio Eldorado para seus ouvintes escolherem a melhor de todos os tempos, numa enquete cujo resultado final irá ao ar no próximo dia 7 de setembro. Não há muito o que discutir sobre as canções incluídas na lista pré-selecionada — mas sobre as excluídas há.
Compreende-se que na lista não haja mais músicas do Tom Jobim e do Chico Buarque. Afinal, seria difícil fazer uma relação das melhores canções brasileiras das últimas décadas que não fosse dominada pelo Tom e pelo Chico, o que só aumentaria o número das omitidas.
Mas por que nada do Lupicínio? Por que não mais Noel Rosa, como “Feitiço da Vila” e aquele samba que começa: “Não te vejo nem te escuto/o meu samba está de luto/eu peço o silêncio de um minuto”? Por que, além de “Primavera”, não entrou a tão ou mais bonita “Minha namorada”, do Carlos Lira? E, além de “Ronda”, “Volta por cima”, do Paulo Vanzolini?
Como os impressionistas barrados do Salão de Arte de Paris, que fizeram o seu próprio Salão dos Rejeitados, com mais sucesso do que o Salão oficial, faço, aqui, a minha lista de rejeitados,
mas, como a Vila, sem a pretensão de abafar ninguém. Sei que gosto é o que mais se discute e as escolhas de melhores isto ou aquilo são sempre supersubjetivas. Mas na minha opinião intrometida nenhuma destas poderia ter ficado de fora. A ordem não é de preferência:
* “Pois é”, do Ataulfo Alves.
* “Última forma”, do Baden Powell e Paulo César Pinheiro (“E qualquer um pode se enganar/você foi comum, pois é, você foi vulgar”), dizem que feita para a Elis Regina cantar para o Ronaldo Bôscoli, ou vice-versa.
* “O teu corpo” (acho que o título é este, ah meus neurônios) do Roberto e do Erasmo.
* “Coisas do mundo, minha nega”, Paulinho da Viola.
* “Pressentimento”, Elton Medeiros.
* “Sobre todas as coisas”, Chico Buarque e Edu Lobo.
* “Saudades da Guanabara”, Moacyr Luz, Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro.
* “Senhorinha”, Guinga e Paulo César Pinheiro (pra mim a coisa mais bonita feita no Brasil depois das Bacchianas do Villa-Lobos e da Patrícia Pillar).
* “Antonico”, Ismael Silva.
* “Passarim”, Antonio Carlos Jobim.