- Chéreau: Fiquei, sim, chocado pela reação das pessoas que se chocaram. Acho bastante puro que os dois personagens se deem mutuamente amor. Isso é belo de ver. Não acho isso particularmente excitante. Acho que emociona, o que não é a mesma coisa. Em momentos em que as pessoas veem sexo chocante, como, por exemplo, quando ela o chupa - o que é chamado por essa palavra horrível: "felação" - vejo, ao contrário, a mais bela prova de amor. Os críticos dizem: "Ela faz uma felação nele". Mas nem todas as mulheres fazem isso num homem. Se não se é uma prostituta e se faz, é porque se ama realmente esse homem, é um verdadeiro ato de amor. Na mesma cena, ele quer fazê-la gozar, e ela recusa, diz que não é preciso. Isso também não se vê com frequência. Isso não é sexo; é amor. O mal-entendido está no fato de que os jornalistas viram pornografia nas partes em que mais vejo o amor, no filme. O mal-entendido é total. As descrições que foram feitas do filme não são fiéis. Elas refletem, infelizmente, as fantasias das pessoas que escreveram sobre o filme. Trata-se, talvez, de um mal-entendido obrigatório. O filme é novo no sentido de que não é casto e também não é pornô. Talvez esteja numa categoria um pouco inabitual. Mas não é um filme escandaloso. É uma pena tudo isso, mas não me tira o sono. Não me preocupo, porque meus filmes se valorizam com o tempo. Terei uma carreira póstuma magnífica.
- Patrice Chéreau sobre seu filme Intimidade. do livro de Fernando Eichenberg/Entre Aspas.
As cenas de sexo do filme, reais, cruas e comoventes, chocaram muita gente. Você se surpreendeu com o escândalo?
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