Eleição 2014 - Diogo Costa

PESADA CONCORRÊNCIA - Digamos que o primeiro tempo da disputa presidencial se encerrou no dia 05 de outubro de 2013, prazo final para as mudanças partidárias, com vistas ao pleito vindouro. A tese primeira da oposição, à direita e à 'esquerda', era a de semear o maior número de candidaturas presidenciais, para forçar um hipotético segundo turno.

Cogitou-se, a certa altura, o aparecimento das oposicionistas candidaturas de Aécio Neves pelo PSDB, de José Serra pelo PPS, Marina Silva pela Rede, Eduardo Campos pelo PSB e Joaquim Barbosa por algum outro partido (ele tem prazo até 05 de abril, de modo que esta é uma questão em aberto).

De toda sorte, a conjuntura com cinco candidaturas oposicionistas (fora os partidos nanicos) teria um potencial altamente lesivo para Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores. Propiciaria inequivocamente o segundo turno e a união de todos contra o PT poderia, inclusive, derrotar as pretensões da legenda de Lula.

Nada disto se confirmou. Serra ficou no PSDB, Marina não conseguiu oficializar a Rede e Barbosa, que ainda tem prazo, por ora afastou qualquer possibilidade de candidatura. Isto é de certo modo alentador para Dilma. As teses oposicionistas, num primeiro momento, não se materializaram. Não se pode descartar, contudo, que outras candidaturas surjam no ano que vem, o DEM e o PPS chegaram a ensaiar tais movimentos.

Teremos até o mês de junho uma espécie de segundo tempo, onde ocorrerão intensas negociações em torno das alianças partidárias em nível nacional e estadual. Aécio Neves foi lançado por FHC em dezembro de 2012, e cometeu o rotundo e talvez irreparável erro de se apresentar como um fiador da economia política dos anos 90. Ser ungido por FHC é como mergulhar em alto mar com uma âncora presa ao pescoço.

A falta de pegada de Aécio, combinada com o voraz apetite do eterno candidato José Serra, parece ser um complicador a mais para a consolidação da mineira candidatura tucana. O PSB estava já a ponto de desistir da disputa, pois Eduardo Campos sabe que não teria condições de interferir na polaridade PT-PSDB. Isto não aconteceu graças a providencial ajuda de Marina Silva, que, pragmática e autocraticamente, deu de costas para a 'horizontalidade' da Rede e caiu nos braços dos 'socialistas'.

Este lance deu fôlego ao governador pernambucano, resta saber se ele manterá a candidatura ou abrirá mão em favor de Marina Silva. A pressão dos setores da direita oposicionista será intensa a favor deste câmbio. Se Eduardo Campos tem mesmo o projeto de subir a rampa do Palácio do Planalto, não seria do seu interesse que outra candidatura derrotasse Dilma em 2014, que não a dele próprio.

Vejamos, se a candidata for Marina, e vencer, ele ficaria na fila até pelo menos 2022. O mesmo raciocínio valeria para uma eventual vitória de Aécio Neves.

Quanto às alianças, Dilma Rousseff chegará para 2014 mais forte neste quesito do que estava em 2010. Aécio Neves (ou Serra?) lutará com força para angariar o apoio formal ou a neutralidade do PTB e do PP, além de já contar com o apoio do Solidariedade do Paulinho da Força.

Eduardo Campos, neste ponto, está deveras fragilizado. Além do PSB, com quem mais irá contar? Se fosse hoje, com mais ninguém. O PPS de Roberto Freire está em disputa interna, com o seu presidente defendendo o apoio ao candidato Aécio Neves.

O favoritismo de Dilma Rousseff decorre de alguns pontos de fundamental importância. A saber. Ela não é mais aquela candidata desconhecida de 2010, o tal do 'poste' do Lula. Entra com um recall que lhe será de grande valia. A economia segue firme frente às intempéries internacionais, com a manutenção do pleno emprego, da inflação controlada, da distribuição de renda em marcha batida e dos aumentos na massa salarial.

Curioso notar também que as taxas de rejeição de Dilma, Aécio e Eduardo Campos, segundo os últimos levantamentos, são bastante parecidas, em que pese Dilma ser muito mais conhecida. Serra tem uma rejeição colossal, só inferior à rejeição de FHC, e Marina tem a rejeição mais baixa, pelo menos neste momento.

Enfim, o favoritismo de Dilma é perigoso se o PT acreditar que levará o pleito de barbada. Nunca levou e não levará em 2014. Quanto à oposição, está perdida, sem discurso, errática até não poder mais. O PSDB dá sinais de fadiga, o que seria normal se estivesse a frente do governo. O PSB surge querendo tomar o lugar dos correligionários de Aécio Neves.

Quanto aos partidos nanicos, não há muito o que acrescentar. A 'esquerda' fragmentada possivelmente se apresentará novamente com 04 candidaturas (PSOL, PSTU, PCO e PCB). O grande desafio para eles será ultrapassar, somados, a marca de pelo menos 01% dos votos. Algo que não conseguiram fazer em 2010...

E o Lula? Lula está articulando nos bastidores e ainda nem sequer entrou em campo. Ele é peça chave para o ano que vem, para a felicidade de Dilma Rousseff e para desespero das múltiplas oposições.

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