Estamos diante de um debate em que estão em jogo dois direitos fundamentais em uma democracia: o direito de expressão e o direito à privacidade. A segunda tem se tornado cada vez mais rara. Vale a reflexão:
até que ponto um terceiro tem o direito à livre expressão dos fatos da sua vida?
Até que ponto a esfera particular de uma figura pública interessa tanto pra narrar sua história de forma fidedigna?
Até onde o direito de expressão de um não invade o direito de privacidade do outro?
Onde está o limite?
O que sentiu Gloria Perez ao ver a vida e a morte de sua filha ser minuciosamente contada em um livro? Uma biografia não autorizada garante a realidade dos fatos?
O autor não irá querer um livro extremamente comercial pra vender mais?
Quem ganha?
Quem perde?
Alguns dizem que cabe ao "ofendido" pela biografia não autorizada recorrer à justiça para o devido ressarcimento de danos, etc.
Danos?
Quem mede os danos?
A perna mecânica do Roberto Carlos tem um significado pra mim. Pra ele com certeza o significado é outro e, ainda, carregado de significantes. Só ele tem a dimensão do que isso representa intimamente. Só ele sabe o que isso provoca. Só nós mesmos sabemos o que nos trava a garganta, o que nos desconcerta e o verdadeiro significado disso em nossa vida intima. Pra mim fica a contribuição histórica desses grandes artistas para a construção da democracia nesse país. E, sinceramente, a mim não interessa se ele fumou, bebeu, traiu... A vida íntima desses artistas não diminuem a importância de suas obras.
Direito de privacidade?
Eu, simples mortal, a quem a vida não é interessante pra ninguém, desejo e cultivo e defendo.
Sempre!
Chico Buarque
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