Oposição não tem plataforma de governo

Três presidenciáveis – um já lançado, outro que tenta viabilizar o partido para concorrer e um que ainda não bateu o martelo se é ou não -, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a ex-senadora Marina Silva (Rede sustentabilidade) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, falaram ontem em teleconferência no Exame-Fórum 2013.

O local não podia ser mais apropriado: um seminário promovido pela Editora Abril (via sua principal publicação de economia, a Exame), uma empresa cujas revistas se dedicam a fazer oposição radical ao PT e aos nossos governos. A mídia deu amplo espaço à fala dos três, como sempre dá às criticas e propostas dos presidenciáveis da oposição. Agora, com vistas à eleição de 2014, e nos pleitos presidenciais anteriores de 2002, 2006 e 2010.

Aécio prometeu o que ele e os tucanos não fazem

O senador Aécio Neves prometeu o que promete sempre, que um "eventual"- o termo foi usado por ele mesmo – governo tucano cortará o número de ministérios e fará uma reforma administrativa sem aparelhamento da máquina pública, com estímulo à meritocracia e aos investimentos privados. Ou seja, prometeu o que não fez em oito anos como governador de Minas (2003-2010) e o PSDB não faz em São Paulo, onde governa há 20 anos, e nem nos demais Estados (outros seis) que administra.

Prometeu, também, uma proposta de reforma tributária. Mas ele, seu partido e seus governadores não permitiram a reforma do ICMS – o então governador de São Paulo, José Serra, à frente, se bem que nesse sentido, só agisse na sombra, nos bastidores. Aécio fala, ainda, em educação e inovação, inserção do Brasil nas cadeias globais (sic), ou seja a abertura financeira e econômica sempre pregada e já feita pelos tucanos, com as consequências que conhecemos neste mundo de guerra comercial e cambial, protecionismo e crise.

Mas, espera, nessa questão da educação e da inovação, os tucanos ficaram contra a modelo de partilha do pré-sal, que destinou 75% dos royalties para a área, ficaram contra exatamente à fonte de financiamento dos novos investimentos em educação e inovação.

Marina, o discurso sem propostas

Já a ex-senadora Marina Silva centrou sua proposta nas reformas politica e trabalhista. Fez uma ironia – "O sociólogo (FHC) não fez a reforma política e o operário (Lula) não fez a trabalhista". Ironia à parte, não disse nada mais em profundidade, não detalhou como concebe essas mudanças políticas e trabalhistas. Também não disse nada, nem sobre o PL 4330, o da terceirização do trabalho com a supressão de tantos direitos sociais…

Ninguém sabe o que ela e sua Rede Sustentabilidade – seu partido cujo destino o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) define depois de amanhã – propõem como reformas política, trabalhista, tributária… De Marina e de sua Rede, o que sabemos é que ela não consegue criar um partido e pressiona o TSE para deixar de lado a lei que vale para todos e aceitar o registro do seu partido de qualquer jeito, implorando por um casuísmo típico do atraso político que ela diz criticar.

Marina criticou a infraestrutura do país, esquecendo – aí, auxiliada pela mídia, que com muito prazer a poupa – que ela foi e é uma das responsáveis por esse atraso quando se alia com setores do Ministério Público e das ONGs na paralisação de projetos, licitações e obras, a pretexto de defender o meio ambiente. A exemplo de Aécio, Marina critica a educação e a inovação desconhecendo os avanços do pais nos últimos anos. Proposta mesmo de reformas, mudanças, da parte dela, nada.

Campos quer um Brasil sem maniqueísmo

Presidente nacional do PSB, o governador Eduardo Campos afirmou que o Brasil precisa ser debatido "fora do maniqueísmo". Também falando a empresários nesta 2ª feira, na teleconferência da Exame, Campos disse que não se pode "reduzir o Brasil entre nós e eles" e repetiu que seu partido entregou os cargos no governo federal para "discutir o Brasil com liberdade".

José Dirceu

"Não estamos indo fazer a crítica pela crítica, queremos ter a liberdade de poder discutir esse país. Estamos fazendo o inusitado, quando há vaga no governo e tem uma fila de partidos levando currículo, nós queremos fazer fila para levar ideias."
Campos sugere "três pilares" para que o país avance: "Preservação do que já conquistamos – foi feito e todos colaboramos; não se restringir a um debate frio sobre produtividade; e permitir que o Brasil seja debatido além do maniqueísmo".

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