Com tristeza, leio a notícia de que a Universidade de São Paulo (USP) ficou fora do ranking das 200 melhores universidades do mundo e despencou 68 posições na lista feita pelo Times Higher Education (THE).
Trágica ironia. Há exatos 45 anos, 3 de outubro de 1968, lá estávamos na batalha da Maria Antônia, lutando contra a ditadura e, principalmente, por uma educação democrática, universal e de qualidade neste país.
A USP passou do 158º lugar (2012) para o grupo que vai do 226º a 250º. E mais, a Unicamp também caiu do grupo que vai de 251º a 275º (2012) e agora está no de 301º a 350º.
O que significa isso? A resposta não é difícil se avaliarmos a "qualidade" de gestão e a "ênfase" ao ensino imprimidas por duas décadas de tucanato no poder no Estado São Paulo. Não se esqueçam que, desde 1995, ambas universidades são dirigidas pelo PSDB.
Estes resultados lamentáveis atestam a falência do modelo tucano e de sua concepção de educação. Fica a pergunta: em quem os tucanos vão jogar a culpa agora?
Nos estudantes? Nos funcionários? No corpo docente? Os estudantes, aliás, estão na luta neste momento, exigindo o direito de elegerem diretamente o seu reitor e o vice-reitor. Não foi à toa que a reitoria foi invadida nesta semana após a reunião do Conselho Universitário negando as eleições diretas.
Como afirmou o Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP), "um total desrespeito a decisão do Conselho Universitário aos anseios e à luta dos estudantes, funcionários e professores da USP por democratização na Universidade de São Paulo".
É lamentável o que esses vinte anos de tucanato em São Paulo fizeram com a Universidade de São Paulo. Ainda mais se avaliarmos o peso das palavras do coordenador da pesquisa, Phil Baty, ao dizer que "um país com seu tamanho e poder econômico precisa de universidades competitivas internacionalmente" e avaliar ser "um golpe sério perder a única universidade que estava entre as 200 melhores".
E tudo isso com a conivência da mídia. As reportagens da Folha e do Estadão de hoje sobre a USP não trazem uma palavra sequer sobre serem os tucanos que administram o estado a 20 anos.
José Dirceu
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