Dois ex-executivos da Siemens, José de Mattos Junior e Raul de Mello Freitas, disseram à Polícia Federal que a matriz da empresa alemã sabia da conta "secreta" mantida pelo ex-presidente da filial brasileira, Adilson Primo, em Luxemburgo, desde 2003.
A Folha relata que a conta foi aberta pelo advogado Roberto Justo, advogado Siemens à época, a pedido filial brasileira. Ele disse à PF que criou, a pedido dela, três empresas offshores que receberam transferência da conta de Luxemburgo.
A ordem de abrir a conta veio de ordem de um alemão, Jürgen Brunowsky, que chegou ao Brasil para ser diretor administrativo-financeiro da filial.
E outro funcionária da multi no Brasil, Sérgio de Bona – que continua na Siemens – disse ter recebido ordens para "limpar a área", queimando todos os documentos relativos à conta existentes na empresa.
No meio do emaranhado de mentiras neste caso, o nó górdio continua sendo o homem-bomba Adílson Primo, demitido como corrupto pela matriz alemã.
Primo, certamente, não é santo.
Mas não é o único mentiroso.
Nem era, sequer, o principal beneficiário dos contratos que o dinheiro da conta nem tão secreta assim "lubrificava" junto ao Governo de São Paulo.
Corrupção neste grau, que não ´´e de migalhas, mas de milhões de dólares, não se faz sem o conhecimento dos "de cima", porque é muito dinheiro que "some daqui e desaparece ali".
Nem na Siemens, nem no governo que se deixou – parazeirosamente, aliás – corromper por ela.
A Siemens, agora, ficou em posição semelhante à do Governador Geraldo Alckmin: diz que quer que tudo seja investigado e punido, embora o que aconteceu envolva diretamente sua hierarquia de comando.
Lembra a história genial da carta escrita por um louco – de extrema sanidade – escrita à subprefeita de uma vila peruana em Bom Dia para os Defuntos, de Manuel Scorza, onde ele lhe diz que não apoia a ideia de que se pendurem os corruptos em ganchos de açougue porque "a senhora ficaria viúva e, provavelmente, dependurada".
Por Fernando Britto
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