Dias atrás publiquei a coluna "O panorama político visto do Planalto". Vamos ver o panorama visto das Alterosas.
Setores próximos a Aécio Neves não entenderam seus lamentos em relação à frustração do apoio do PSB de Eduardo Campos a Geraldo Alckmin em São Paulo. Presumem que foi por solidariedade a Alckmin.
Do ponto de vista político, foi bom para sua candidatura.
Nas hostes aecistas, a visão sobre a dupla Eduardo Campos-Marina Silva é a mesma da cúpula do governo Dilma. Não haverá como não aflorar mais contradições entre ambos. Nas pesquisas, Marina é mais forte que Eduardo – sem ela, Eduardo não sai dos 10% - e irá se prevalecer dessa posição para impor propostas nem sempre estrategicamente adequadas.
Ontem mesmo o PPS cobrou o apoio a Eduardo Campos, sustentando que a contrapartida seria a aliança com o PSDB paulista.
Um dos pontos vulneráveis da candidatura Aécio é a pouca consistência dos seu programa de governo.
Em março, o governador mineiro Antônio Anastasia deixará o governo do Estado e até junho, quando começa a campanha para o Senado, coordenará os estudos para o programa de governo de Aécio. Traz em seu currículo a coordenação dos dois programas vitoriosos de governo de Aécio, quando governador de Minas.
Candidato a presidente, Aécio é azarão; ao governo de Minas, seria favorito. Uma eventual derrota do PSDB para a presidência e para os governos de Minas e São Paulo liquidaria o partido.
Para o grupo de Aécio, não existe esse tipo de preocupação. A aposta é que em Minas, com ou sem Aécio o PSDB é favorito.
Minas é diferente do restante do país, explicam por lá.
Hoje em dia, 80% dos prefeitos mineiros estariam na base de apoio do governo mineiro, independentemente de partidos políticos, incluindo 20% dos prefeitos eleitos pelo PT. Aliás esse mesmo percentual de prefeitos petistas assinou em 2010 carta de apoio a Aécio, contra a candidatura de Hélio Costa.
Na campanha de 2010, o próprio candidato do PT ao Senado, Fernando Pimentel, tratou de não ligar sua imagem a de Hélio Costa. Na prática acabou fazendo dobradinha com Aécio, para as duas vagas ao Senado.
Nos dez anos de poder, o grupo de Aécio nunca forçou candidaturas municipais de filiados ao PSDB. Sendo da base de apoio, pouco importa o partido político.
Não preocupa o PSDB mineiro o fato do futuro candidato do partido Pimenta da Veiga estar há anos afastado da política. Acredita-se que quando a campanha começar, e ficar clara a indicação dele por Aécio, haverá a migração dos votos, assim como houve com Anastasia – que começou a campanha contra Hélio com 3% dos votos contra 48%, e terminou vencendo no primeiro turno.
Não levam em conta a enorme taxa de rejeição a Hélio Costa, que não se repete em Fernando Pimentel.
Outro trunfo do partido, segundo ele, é a vaga de vice senador na chapa de Anastasia. Se Aécio vencer para presidente, Anastasia se afastará do Senado para ocupar cargo-chave na sua administração. Mesmo na hipótese de Aécio não vencer, cargos executivos atraem muito mais Anastasia do que os embates retóricos no Senado.
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