Poesia da madrugada

É *mentira este remorso
Que caminha sempre a meu lado:
Nunca faço as coisas na hora
E nunca acabo as que faço.

É cruel o remorso meu
Todas as manhãs, quando acordo,
E não me levanto, pois quero
Muito mais horas de cansaço.

Seria tudo muito simples
Se eu soubesse o que faço.
Mas, na verdade, caro amigo,
Esqueço até esse detalhe.

 

Roberto Marinho de Azevedo (Rio de Janeiro 1940 - 2003) Foi jornalista, crítico gastronômico e poeta. Robertinho, como era conhecido, assinou por 35 anos, sob o pseudônimo de Apicius, uma coluna de crítica gastronômica no Jornal do Brasil. Publicou em poesia As trufas podres, Cruzeiro turístico e Poemas de amor venal.

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