Se fosse um juiz de primeiro grau

Pela relevância de seu conteúdo, recomendamos a todos a leitura do artigo do juiz Fernando Ganem, que deixa hoje a presidência da Associação dos Magistrados do Paraná, publicado no blog do jornalista Frederico Vasconcelos, sobre os mais recentes atos do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.
Ganem diz que Barbosa deveria sair de férias apenas após assinar o mandado de prisão do deputado João Paulo Cunha (PT-SP). “Mas não o fez. Preferiu tirar uns dias de descanso e, depois, viajou ao exterior para proferir palestras, ganhando diárias, sem contar o valor que teria cobrado por cada palestra, como é de praxe acontecer”, afirma.
O juiz acrescenta não ter “nada contra a percepção de diárias, nem de cachê em palestras, aliás, entendo seja direito de qualquer pessoa que trabalha”.
“Porém, causa estranheza as circunstâncias em que isso ocorre, sendo o protagonista o Presidente do STF e do CNJ, justamente aquele que sob os holofotes defende a ética e a moralidade, formulando nervosos discursos contra benefícios”, acrescenta.
“Se fosse um juiz de primeiro grau que tivesse ido ao exterior proferir palestras mediante paga, e recebendo diárias, esquecendo-se de assinar um mandado de prisão em processo clamoroso sob seu jugo, com certeza o tratamento seria outro, principalmente se isso fosse comunicado ao CNJ, quando então o colega correria o risco de, sob o beneplácito do próprio Presidente do Supremo, ser exposto à mídia, e, com o pescoço à prova, passar toda espécie de dissabores e constrangimentos perante a sua família, seus pares, seus subordinados, e o que é pior, seus jurisdicionados; isso sem contar na desestabilização de sua autoridade e credibilidade, algo que só um tempo muito grande é capaz de apagar.”

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