Cíntia Alves
Jornal GGN – A julgar pelas primeiras ideias para o programa de governo e bagagem dos convidados que darão forma à sua empreitada rumo à Presidência da República, o pré-candidato e senador mineiro Aécio Neves (PSDB) deve assistir ao eleitorado de todo o País ir às urnas em outubro para dizer se está ou não com saudade da gestão de mais de duas décadas atrás, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1996-2002).
Aécio, segundo colocado nas últimas pesquisas de intenção de voto – com 17%, contra 43% da presidente Dilma Rousseff (PT) –, monta um time de ex-funcionários de FHC, consultores e acadêmicos que defendem, entre outros pontos, a criação de mais um ministério para políticas sociais, uma agenda econômica liberal e o enrijecimento das estruturas de segurança pública.
O escolhido para coordenar o grupo é o governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia (PSDB), que deve abrir mão do cargo até o próximo mês para assumir o desafio. É em abril também que o partido pretende intensificar as inserções de Aécio em meios de comunicação, com o intuito de dar publicidade ao escopo do programa de governo que, de conclusivo, só tem mesmo a intenção de recuperar os anos FHC.
Na esteira de indicações para a equipe da campanha majoritária estão nomes como Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central endereçado à área econômica, assim como Adriano Pires, Mansueto Almeida, Samuel Pessôa e Edmar Bacha; Barjas Negri e José Carlos Carvalho, ex-ministros da Saúde e Meio Ambiente, respectivamente, e Xico Graziano, ex-chefe de Gabinete de FHC e atual coordenador dos trabalhos nas redes sociais e na internet.
Em reportagem publicada pelo Valor Econômico nesta segunda (17), Adriano Pires defende uma “agenda liberal” que passe por “um governo que se sujeite mais às regras de mercado”. Ele sustenta que a União deve parar de controlar a inflação através do preço da energia e não mais subsidiar a gasolina.
Na mesma matéria, Cláudio Beato Filho diz que o governo federal precisa ter “atuação mais intensa” em relação às corporações policiais, e que o governo federal não deve descartar o debate em torno da redução da maioridade penal, além de alterações no código penal.
Na Educação, Ana Lúcia Gazzola, titular da pasta no Estado de Minas, sugere a remuneração de “famílias de baixa renda cujos integrantes progridam nos estudos e no emprego”. O deputado federal Eduardo Barbosa, por sua vez, aponta a incorporação de secretarias e ministérios em uma pasta de planejamento da área social – papel que hoje pertence, majoritariamente, ao Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome (MDS).
Área social vira bandeira
A grande e talvez única novidade no programa de governo do PSDB é que, dessa vez, o partido se demonstra bem preocupado em alcançar o eleitorado da região Nordeste. Além de Eduardo Barbosa, a ex-deputada Rita Camata se debruça sobre os projetos para a área social. Isso porque a legenda é conhecida por superdimensionar estudos de política econômica, deixando de lado as ações voltadas especificamente à parcela pobre. O ninho tucano sabe que, sem conquistar o segmento mais carente, derrotar o PT será mais difícil.
Baixas em MG lembram Serra
Indicado para assumir a coordenação geral da pré-campanha de Aécio Neves, o governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, tem até o dia 4 de abril para se desincompatibilizar do cargo. Em paralelo, o tucano também concorrerá a uma cadeira no Senado. A segunda baixa no governo mineiro acontecerá com a saída de atual secretária de Educação, a ex-reitora da Universidade Federal de Minas Gerais Ana Lúcia Gazzola.
Resta saber se, no futuro, a renúncia de Anastasia para se dedicar à campanha do correligionário não surtirá em resultados negativos junto ao eleitorado mineiro. Não é necessário muito esforço para lembrar que José Serra, ex-governador de São Paulo, carrega até hoje a pecha de quem abriu mão de conduzir todo um Estado para tentar voos que no final foram desastrosos.
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