Jornal GGN - Ao dar posse ao novo ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, hoje (1º), a presidente Dilma Rousseff ressaltou a importância da pasta para o momento delicado de negociações com o Congresso, tanto pela crise com o PMDB – partido mais forte da base governista – quanto a possível instalação de uma CPI da Petrobrás.
“Com Berzoini à frente da Secretaria de Relações Institucionais, continuaremos atuando em profícua parceria com o Congresso. Tenho certeza de que nossos aliados saberão agir para impedir que motivações meramente eleitorais acabem por atropelar a clareza e esconder a verdade na busca de respostas e soluções para os grandes problemas nacionais”, disse a presidente.
A frente da secretaria, Berzoini mostrou-se estar pronto para negociar e tentar que o Congresso não inicie as investigações de denúncias de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas.
“A orientação é que façamos diálogo com lideranças da base para ver qual o melhor caminho para obter justamente o que ela falou no seu discurso, que é evitar a exploração político-eleitoral de um assunto tão importante para o Brasil como é a questão da Petrobras”, disse o novo ministro.
Ao citar que os aliados saberão agir, Dilma faz referência à elaboração de estratégias que o PT vem discutindo nos bastidores do Senado para tentar impedir a instalação da CPI. E as estratégias partem de todos os pontos do partido.
Além das lideranças na Câmara e no Senado, o presidente do PT, Rui Falcão, conta com o apoio do ministro para articular justamente esse momento decisivo para a máquina eleitoral. “A nossa preocupação com o ano eleitoral é que essa CPI da Petrobras só tem esse conteúdo político-eleitoral e de enfraquecimento da empresa. Quem está conduzindo toda essa articulação são nossos representantes na Câmara, no Senado e agora o ministro Berzoini”, discursou Falcão.
Também se somam a essas medidas os esforços da própria presidente, que no discurso para empossar o ministro, ressaltou o importante trabalho que foi feito no Congresso na bancada aliada, em aprovação de projetos como a Lei de Acesso à Informação, a criação da Comissão Nacional da Verdade, a destinação dos royalties do petróleo para educação e o Marco Civil da Internet.
No Senado, o debate é um pouco mais caloroso. Com largas assinaturas para a instalação da CPI pelos deputados, na Câmara – que já conta com 178 signatários, ou seja, 7 a mais do que o mínimo necessário – a bancada de oposição se estendeu para o Senado, tomando a frente das investidas para a abertura da Comissão. Na referida Casa, 28 senadores – apenas um a mais do que o mínimo – já assinaram o pedido.
Com isso, o PT corre contra o tempo, em reuniões no Palácio do Planalto, para definir a melhor iniciativa para escapar ao resultado. Uma delas, com tom mais apelativo, já foi inclusive levantado pelos parlamentares da base.
Os senadores ameaçam adicionar à investigação da Petrobrás, casos também como as fraudes na compra de trens em São Paulo, atacando diretamente a candidatura do senador tucano Aécio Neves (MG), e as licitações do Porto de Suape, em Pernambuco, do governo de Eduardo Campos, também pré-candidato à presidência pelo PSB.
Como o senso comum da base aliada ao governo é que a Comissão vem para desestabilizar a candidatura a reeleição da presidente, a iniciativa trabalha na mesma linha. A estratégia já foi criticada por parlamentares, como o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que alegou que também defende a investigação nos contratos dos trens, mas que deve ser feito em outra CPI.
“O que não pode é juntar tudo na CPI da Petrobras. Há espaço para outras CPIs, façamos novas. O que não dá é, a essa altura, o governo tomar uma medida infantil com o objetivo de conturbar um instrumento sério de investigação, com troca-troca de acusações infantis. Isso não está à altura da República”, disse Randolfe.
Caso não consigam convencer a retirada de assinaturas do pedido no Senado, a base ainda tem um recurso posterior. Pela norma regimental da Casa, se instalada, a CPI poderá contar com os cargos de presidência e relatoria das Comissões nas mãos aliadas, já que o PT e o PMDB têm maioria nas cadeiras.
Nessa segunda hipótese, todo o peso cairá para o novo ministro, Ricardo Berzoini, que deverá usar todas as cartas para recuperar a antiga relação de apoio do PMDB com o partido da presidente.
Com informações da Agência Brasil, Agência Senado e Agência Câmara.
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