Não acompanhei das viagens de Leonel Brizola na campanha em 1989, provocado por uma pergunta de uma repórter do Mato Grosso do Sul sobre se tinha saído do Brasil vestido de mulher, em 64, ele perdeu a paciência e disse a ela que sim, que tinha pedido as calcinhas dela emprestado e fugido.
Não é preciso mais do que o que me disse ao telefone, ainda de lá:
- Brito, fiz uma cagada sem tamanho.
Imediatamente fizemos um comunicado público que não dizia nada, senão um pedido de desculpas.
Era a única atitude correta e decente a tomar.
Brizola havia violado um ditado gaúcho, sempre lembrado por ele: a luta não quita (tira) a fidalguia.
Repare no noticiário de hoje que só dois personagens se comprazem, sem ressalvas, do episódio de grosseria do coro de xingamentos puxado pelo pessoal da área VIP do Itaquerão.
Justamente Aécio Neves e Eduardo Campos.
Parece um nada?
Não, não é.
É sinal de que os dois estão entregues à histeria eleitoral.
E histeria eleitoral é para os histéricos, não para a massa de eleitores.
A declaração de Lula – "parece que comeram até demais, estudaram até demais, porque perderam a educação e o respeito" – me faz lembrar minha avó, uma simples costureira da periferia, me dizendo que só tinha uma coisa que eu podia ter tanto quanto a pessoa mais rica do mundo: "educação".
Guardadas as devidas proporções, vocês verão que este tipo de atitude, se persistirem nela os dois candidatos oposicionistas, vai acabar por devolver o equilíbrio a muita gente.
A direita brasileira – e sua mídia –virou o fio.
Passaram dos limites aceitáveis pelas pessoas com um mínimo de serenidade.
Tomaram-se de uma histeria que lhes tirou a razão.
Viraram "black blocs" do conservadorismo.
Autor: Fernando Brito
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