Ao longo das nossas vidas muitos castelos e sonhos irão ruir. E conviver com os destroços nunca será tarefa simples. Nos apegamos às ruínas como parte de nossas identidades. Para seguir em frente, precisamos nos reconciliar...
- Reconciliar com o adulto que trabalha de segunda a sexta numa repartição pública quando o trato era ser músico, surfista ou veterinário;
- Aceitar o adulto que lhe deu somente um filho ao invés dos dois que haviam combinado;
- Perdoar o adulto que se embebeda num sábado à noite pra disfarçar a solidão quando jurou que ia ser livre e dono de seu próprio nariz;
- Reconciliar com o adulto que se divorcia pela terceira vez quando o trato era ser feliz para sempre ao lado da mesma mulher;
- Aceitar o adulto que combinou fazer bodas de ouro com o amor de sua vida mas não chegou nem às de prata;
- Aceitar o adulto que sofre com a perda do filho quando o certo era não haver luto pelo caminho;
- Reconciliar com o adulto que envelhece dia após dia diante do espelho apesar da promessa de que seria jovem para sempre _ sem rugas, cabelos brancos ou dores pelo corpo.
Você se cobra demais, se exige demais, se envergonha demais. Suas expectativas estão nas mãos de uma criança, por vezes tirana, que vive dentro de você. Está na hora de renegociar os contratos, rever as promessas, afrouxar as exigências. O futuro ainda reserva boas surpresas mas perceber que o merecemos sem dividas é o melhor jeito de curtir a viagem, nos aceitando com todas as dificuldades, impossibilidades e limitações; nos enxergando mais humanos e menos heróis...
by Fábio Simões
Leia Também: Paixão x Amor