Diferindo de empresas que destinam seus mais aperfeiçoados sistemas àqueles clientes com maior poder aquisitivo, a estratégia de difusão do Android torna possível que todos os usuários venham a possuir as melhores e mais recentes versões do sistema.
Quando o Windows 7 foi lançado em 2009 ele possuía seis edições: Starter Edition, Home Basic, Home Premium, Professional, Enterprise e Ultimate.
A Starter Edition era um verdadeiro atentado ao pudor, à moral e aos bons costumes de personalizar o computador. Limitada em recursos, não permitia sequer que o usuário trocasse o papel de parede da área de trabalho. Trazia em seu bojo a imagem "Seu pobre Edition" – dando a entender que só possuía essa versão aquele não tinha dinheiro para comprar algo melhor.
Se quisesse um sistema operacional de verdade, que permitisse aproveitar tudo aquilo que se esperava da máquina e dos programas era preciso desembolsar mais dinheiro e comprar logo a edição Ultimate – a versão 7 completa.
Depois de críticas a empresa lançou a versão Windows 8 em somente quatro edições: Windows 8, Windows 8 Pro, Enterprise e RT .
No caso do Android geralmente cada novo aparelho lançado com esse sistema já vem com a sua mais recente versão, podendo depois receber atualizações para versões surgidas posteriormente. Não há uma "Pobre Edition" ou "Tenho grana sim senhor Edition" do sistema operacional. A questão do poder aquisitivo – que sempre existirá -recai não na capacidade do sistema operacional, mas sim sobre os recursos físicos do aparelho: tela de tamanho "x", processador "y", memória "z" etc. Tanto um aparelho de dois mil e quinhentos reais quanto outro de trezentos rodam o Android 4.3, por exemplo.
Ressuscitando mortos
Além disso, por ser o código fonte aberto, ainda que o fabricante deixe de providenciar a atualização do sistema operacional dos celulares antigos, usuários programadores podem vir a realizar o upgrade.
Um exemplo é o celular Galaxy S (GT-I9000) da Samsung. Lançado em 2010 com o Android 2.1, recebeu atualizações da fabricante para somente os Androids 2.2 e 2.3. Voluntariamente desenvolvedores espalhados pelo mundo providenciaram para esse aparelho atualizações por meio de versões não oficiais modificadas (a CyanogenMod é um exemplo). Atualmente podem ser encontradas para o Galaxy S versões do Android 2.3, 2.3.3, 2.3.4, 2.3.5, 2.3.6, 2.3.7, 3.0, 4.0, 4.0.1, 4.0.2, 4.0.3, 4.0.4, 4.1, 4.2, 4.3 e até para a mais recente 4.4 (Kitkat).
Um grande depósito de atualizações e versões modificadas é o sítio Needrom, onde são encontradas milhares de roms para celulares de dezenas de fabricantes.
O código fonte aberto, a possibilidade de modificação, a não limitação da experiência do usuário por meio de edições de uma mesma versão e a disponibilização sempre da maior quantidade de recursos tornam o Android o trampolim para saltos de inovação e criatividade. Para se ter uma ideia, hoje esse sistema operacional é utilizado também em dispositivos como tablets, netbooks, aparelhos de GPS, reprodutores de DVD para automóveis, videogames, reprodutores de som e vídeo, projetores multimídia etc. que passam a contar com mais funções quando trazem o sistema.
E mais, a onipresença desse sistema operacional está se tornando o pano de fundo de um processo em curso que deverá transformar profundamente nossa sociedade. Tal processo é a continuação daquilo que ocorreu com o surgimento dos blogs.
Próximos estágios
Os blogs foram a evolução, a simplificação do dificultoso processo que era a publicação de textos nos primórdios da internet. Primeiro era preciso conhecer a linguagem HTML para se criar páginas web e depois saber como proceder a sua publicação na rede (via FTP). Em seguida surgiram os programas criadores de páginas HTML que dispensavam por um lado ser versado em HTML, mas que requisitavam de outro um mínimo de familiaridade com esses softwares. Por fim vieram os blogs que hoje dispensam conhecimentos de HTML, FTP, software e facilitam enormemente a criação, publicação e disponibilização de conteúdos na rede.
Parece pouco? Pois bem, a um custo baixíssimo quando comparado aos tradicionais é possível tornar qualquer criação em formato digital (textos, imagens, sons, aplicativos etc.) disponível a qualquer outro usuário da rede. Clicou no "enviar" e instantaneamente todos os outros milhões de usuários dos mais distantes rincões do mundo podem acessar a sua publicação.
Resultado: compartilhamento de arquivos, troca de informações, geração de conhecimento, contato com outras culturas, com outras formas de pensar, modos diferentes de viver, identificação de semelhanças, questionamentos, conscientização, aceleração das mudanças sociais.
É nesse ambiente em que fervilha o Android. Sua abertura, flexibilidade, estratégia inclusiva e característica de ser voltado ao compartilhamento de conteúdos promoverá uma verdadeira revolução quando, comparativamente, deixar o atual "estágio HTML", passar pelo "estágio software" e alcançarmos o "estágio blog".
Inteligência social
Em seu atual estágio são os programadores que "geram" conteúdos (aplicativos principalmente) para o Android. No estágio seguinte teremos usuários leigos em programação gerando conteúdos para Android por meio de softwares. No terceiro estágio teremos a criação de aplicativos e conteúdos dentro do próprio Android, de modo semelhante ao que ocorre com os blogs. As características do Android potencializam tudo aquilo que a internet possibilita. Essa conjunção será o caminho para a formação de uma enorme inteligência social.
Aí, meu amigo, será o ohhhh! Milhões e milhões aperfeiçoando sistemas e funções de acordo com suas necessidades, criando, interagindo, compartilhando. Todos eletro-eletrônicos de casa operados por um mesmo sistema operacional, personalizados todos pelos próprios usuários, cujas pequenas criações e contribuições individuais - tal como nossos neurônios - gerarão um fantástico cérebro coletivo.
Quando do surgimento da rede o grande temor era que ela acabasse levando ao isolamento de pessoas, todas interagindo pouco e apenas virtualmente. Engano pueril. A evolução de nossa espécie decorreu principalmente de sua característica intrinsecamente social, hoje potencializada pela promissora união internet/Android.
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