A mancha, por Pedro Porfírio




Vamos e venhamos: quando um político indica alguém para uma diretoria da Petrobrás ou qualquer estatal, ou qualquer órgão operacional da administração, boa coisa não está querendo. Não lhe inspira prestar qualquer serviço ao país ou mesmo contemplar um aliado sem segundas intenções. Isso é muito claro. Disso sabiam e sabem todos, por que todos assimilam essas situações nos mais diferentes níveis de governo e nas várias épocas de nossa historia política.

Esse tipo de concessão nos governos do PT, como antes nos governos do PSDB (quando o PMDB era o maior partido da base aliada de FHC) sempre serviu para transformar empresas públicas robustas (o orçamento da Petrobras e maior do que do Estado de São Paulo) em irresponsáveis moedas de troca. Mais dia, menos dia, a casa ia cair, por que a corrida ao ouro público se fazia sem nenhuma reserva.

Esse novo escândalo só é suspeito pela sua divulgação direcionada com a finalidade de influir no processo eleitoral. Por que todo mundo estava careca de saber do uso delituoso das indicações promovidas por políticos notoriamente desonestos, cujas práticas são do conhecimento de todos.

Mas entre os políticos de todos os partidos há um ambiente inercial de cumplicidade compensatória. Uns fazem vistas grossas para os outros e só rompem com esse comportamento quando a disputa eleitoral os libera para jogar pesado, quando há necessidade vital de explorar os podres dos adversários cujos mal feitos foram expostos em operações fora de suas agendas e ganharam o conhecimento geral.

Não sei até que ponto o envolvimento de políticos aliados pode afetar a presidenta Dilma, diante da exploração inevitável dos seus adversários, que controlam a quase totalidade da mídia. Não sei também como os eleitores passionais de Marina, mais voláteis, receberão a notícia envolvendo o falecido Eduardo Campos.

Em geral, seguindo uma antiga tradição, a maior parte do eleitorado prioriza outras referências para destinar o seu voto.

Se os eleitores dessem tanta bola para mal feitos que atingem candidatos por tabela, até mesmo quando estes são pegos com a mão na massa, o eleitorado de Brasília, com características bem cosmopolitas, não estaria preferindo o ex-governador José Roberto Arruda, que está léguas à frente dos concorrentes em todas as pesquisas. Não faz muito, ele foi preso por seu envolvimento filmado no chamado Mensalão do DEM. E agora, se não for barrado pela Justiça Eleitoral já pode encomendar o terno de sua posse.

Curiosamente, esse mesmo eleitorado põe na dianteira para o Senado, também com uma boa folga, o deputado Reguffe, cuja imagem é a da anticorrupção de da recusa das mordomias.

A sabedoria popular é instigante em outras situações. O candidato é sufragado para que outro não entre, segundo a máxima DOS MALES O MENOR. Frente aos entreguistas e assalariados de banqueiros, alguém que parece menos comprometido com o retrocesso e a corrupção internacional acaba ganhando o voto útil dos eleitores que precisam de mudanças para frente e não para trás.


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