A três dias das eleições, a edição do jornal O Globo estampa em sua capa factóide com claras intenções eleitorais: "Ata da Petrobras diz que ex-diretor renunciou", afirma a manchete. Como o Muda Mais já mostrou aqui, ata da CPI da Petrobras no Senado comprova que a decisão da saída de Paulo Roberto Costa da estatal foi totalmente alheia a sua vontade, sendo-lhe comunicada por Edison Lobão, ministro de Minas e Energia. O Globo teve acesso não apenas à ata da CPI, como também à matéria do Muda Mais, como afirmam em nota. Mas isso não impediu o jornal de criar um factóide político no dia do último debate antes do primeiro turno das eleições, com intenção explícita de prejudicar Dilma.
Na matéria, o jornal ignora o depoimento do próprio demitido em Comissão Parlamentar de Inquérito, e deliberadamente se atém às questões formais de praxe, quando da saída de ocupantes do alto escalão governamental. Como o próprio Costa esclarece, é comum que se solicite a quem está sendo demitido a redação de uma carta de demissão pró-forma. A seleção da passagem da ata da Petrobras de 2 de maio de 2012, utilizada pelo jornal como fonte, deixa claro seu caráter formal. Em uma rápida busca pelo google, são encontrados mais de 6.600 documentos com a expressão "pelos relevantes serviços prestados no desempenho de suas funções". Os "elogios" sublinhados pelo jornal são nada mais do que um copia-e-cola utilizado em rituais públicos de demissão de diretores. É importante lembrar que, à época da demissão de Paulo Roberto Costa, não se tinha conhecimento das graves denúncias de corrupção envolvendo seu nome e a função que exercia na Petrobras. Certamente, fosse esse o caso, tais rapapés formais não constariam da ata.
Graças ao acesso à informação e à transparência dos processos públicos, bandeiras dos governos Lula e Dilma, o assassinato do jornalismo cometido por O Globo pode ser facilmente desmascarado. A íntegra do depoimento de Paulo Roberto Costa à CPI da Petrobras está aqui
, disponível para qualquer cidadão. Nela, se pode conferir que Costa foi comunicado de que seria demitido por Lobão, instado a escrever sua carta de demissão e entregá-la à presidenta da Petrobras. A decisão de demiti-lo partiu de Dilma Rousseff, como a presidenta afirmou mais de uma vez.
Talvez parte da grande imprensa se ressinta dos ~áureos~ tempos em que era possível falar sozinha, criando factóides no dia do debate final antes das eleições com vistas a enfraquecer o candidato que menor atendesse a seus interesses. Felizmente, este não é mais o caso: há cada vez mais acesso à informação e transparência, os documentos citados estão disponíveis na internet e não se pode mais calar quem quer debater.
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