– Senhor, tenha piedade!
Do pobre, do nordestino, do brasileiro.
Do que padece na favela, da que se esconde no puteiro.
Porque nestas terras de cá, Senhor, ainda há tanta miséria, que não só a rima de meus versos por aqui é pobre. Há gente pobre. A gente é pobre.
Mas se uma gente é pobre, há outra ali que é nobre. Se tão iguais na rima, tão desiguais que: podre!
Pobre trabalhador. Nobre contestador. Podre explorador:
Há por aqui, Senhor, quem confunda Estado de Direito com estado de direita. Há quem ofenda a democracia, em prol da meritocracia. Quem abomine o Nordeste, como em teus tempos Samaria.
Nestas terras de cá, Senhor, tua Belém fica ao norte. E se nascesses nordestino, crucificavam-te pra morte. "Pode vir lá coisa boa da terra de Nazaré?" Inda que bom Tu sejas, aqui nem diga donde é.
E por aqui também, Senhor, não ouse pão multiplicar. Porque se deres pão ao pobre, "bolsa esmola" vão gritar. Tampouco peixes ouse dar, porque jamais se dá o peixe, mas se ensina a pescar.
Recebido por e-mail - Rodrigo Bueno
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