Vocês com certeza conhecem a série Breaking Bad. A música que encerra a saga de Walt é de uma sabedoria fulgurante. “Sim, acho que recebi o que merecia”, diz a letra.
Não há lamúrias, não há autocomiseração, não há desculpas. Na letra, o sujeito aceita o preço pelas besteiras que fez, assim como Walt na história.
Pois eu digo o seguinte: o Cruzeiro teve o que mereceu na derrota na final de hoje contra o rival Atlético Mineiro.
Um clube que obriga os torcedores rivais a pagar 1 000 reais por um ingresso revela uma mesquinharia, uma pequenez de espírito patética.
Tamanha falta de caráter tinha mesmo que ser punida como foi: uma surra exemplar num estádio monopolizado por uma só torcida.
Tenho arrepios quando ouço alguém falar nos Deuses do Estádio. Não acredito nisso. Mas respeito Supernatural Jones, o personagem de Nelson Rodrigues que me foi apresentado por Boss.
Tenho para mim que Supernatural – ou Sobrenatural de Almeida, como preferirem – se infiltrou entre os torcedores do Cruzeiro e ali, como um espião com poderes especiais, manejou os cordéis que foram dar no título do Cock. (Nota da tradutora: Galo.)
Ladies & Gentlemen: Boss ficou feliz com a derrota do Cruzeiro por outros motivos. Não entendi direito, mas ele falou num Dustcopter, ou coisa parecida. (Nota da tradutora: Helicóptero do Pó.)
Mas Boss com suas razões e eu com as minhas.
Só eu vi o jogo em Londres, até pelo horário: aqui, era meia noite quando ele começou.
Mas, em minha solidão intransponível, me senti no meio da pequena torcida do Cock que teve os meios para vencer a ultrajante barreira imposta pelo Cruzeiro.
Antes de dormir, ponho para tocar a grande música de Breaking Bad. Canto junto o primeiro verso.
Guess I got what I deserved.
O Cruzeiro teve o que mereceu.
Sincerely.
Scott
Tradução: Erika Kazumi Nakamura
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