Aécio reassumiu sua cadeira no Senado prometendo cobrar "violentamente" os compromissos de campanha de Dilma. Não basta cobrar assertivamente, persistentemente. Tinha que ser "violentamente".
Depois, registrou seu repúdio "mais violento e radical" aos manifestantes que pedem a volta da ditadura militar.
Finalmente, repetiu o mantra da "campanha honrada" que teria feito em contraposição à "campanha perversa" de Dilma. Corta! O baixo nível da campanha foi similar nas duas pontas. O figurino de "moralista honrado" não cabe em quem, nos debates, tratava as adversárias – Dilma e Luciana Genro – como "levianas".
Com sua agressividade reiterada, Aécio abriu a guarda para Dilma, orientada por João Santana, encaixar meia dúzia de uppercuts fatais.
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Com a morte de Eduardo Campos e o posterior esvaziamento de Marina Silva, Aécio saltou de quase nada para quase tudo. Tornou-se conhecido no curtíssimo período a partir dos dois últimos debates do primeiro turno.
Mais natural na televisão, durante alguns dias Aécio incorporou a imagem do bom moço de família mineira. Perdeu até o olhar malicioso-agressivo que o perseguia em todas as fotos na fase inicial da campanha.
Retomou o segundo turno na liderança. Aí incorporou a euforia bélica de seu guru, FHC. Foi o estilo bélico que o fez perder a liderança e as eleições.
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Agora, novamente mostra uma notável falta de timming político, ao pretender manter o estilo bélico durante a trégua que se segue a toda campanha encarniçada.
Não entendeu nada.
A grande marca política de Aécio parecia ser a arte da composição, a habilidade política que demonstrou quando se compôs com Fernando Pimentel, do PT, para o pacto mineiro. Ali aparentemente desenhava-se o futuro grande político nacional, o estadista da conciliação, herdeiro da tradição política mineira.
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Engano.
Em um momento em que a disputa deveria se dar na conquista do público novo, não alinhado, cansado da política tradicional, Aécio incorporou em si a pior cara do PSDB: a de José Serra e sua tropa de vikings da terceira idade, Aloysio Nunes, Alberto Goldman, e do inexcedível Roberto Freire.
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Não se vá exigir de Aécio o que escapa à sua compreensão.
Assim como no varguismo, o lulismo é composto de duas partes: o lulismo e o antilulismo. O antilulismo não tem vida própria, não tem projeto próprio, é apenas um apêndice do lulismo.
O próximo momento político brasileiro é o do pós-lulismo. Para a história, FHC sempre será o apenas anti-Lula, a parte derrotada do passado. Grupos de mídia, mercado, o establishment só investiram em sua imagem porque o antil-ulismo precisava de uma cara. Apenas isso.
Assim como o mito Marina, o personagem FHC é muito menor do que o mito criado em torno dele.
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Ao contrário de Aécio, Alckmin é duríssimo na ação, conservador até a medula, anacrônico até o fundo da alma; mas cordato nas palavras e gestos.
Seu aceno para uma trégua visou não apenas reduzir as críticas contra as barbeiragens da Sabesp, mas ocupar o espaço na oposição.
Quando acontecer o segundo tempo do jogo – na tentativa futura de tentar alijar Dilma no rastro da Operação Lava-Jato – a liderança será de quem simulou o entendimento inicial; não de quem se comportou violentamente antes da hora.
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