Os canastrões de Paris

E uma farsa mal encenada

"Charlie é jornal semanal que, antes de toda a redação ser exterminada à bala, estava já em agonia, morrendo por falta de leitores. Já era o resíduo, o resto, de uma época do espírito já há muito tempo ultrapassada".

Jacques-Alain Miller, psicanalista e escritorfrancês, um dos fundadores da École de la Cause Freudienne  e presidente da Associação Mundial dePsicanálise
Escolheram tão mal os vilões, as vítimas e os encenadores que tudo deu certo, pelo menos nos primeiros dias. Franceses de todos os matizes entraram na dança sem perguntas ou dúvidas. O Ministério do Interior garante que nunca, jamais, em tempo algum as ruas de suas grandes cidades estiveram tão apinhadas para expressar uma rotunda condenação aos 3 rapazotes que os deixaram trêmulos naquele insólito 7 de janeiro. E como diante de uma hecatombe atômica tratavam de exorcizar seus fantasmas repetindo ainda nervosos:  "not afraid" (não temos medo). 
Mas, segundo reportagem no diário Le Figaro, os franceses nunca compraram tantos ansiolíticos como nos dias seguintes à tragédia: citando especialistas, o jornal destacou que "a angústia e a sensação de medo é real, uma reação inevitável". Enquanto no país o consumo de tranquilizantes aumentou em 18,2%, em Vincennes, distrito onde ocorreu a tomada de reféns em um supermercado judaico, e em diversos bairros de Paris, o aumento foi muito maior, segundo Helene Romano, doutora em psicopatologia. A elevação do consumo superou 30%.
Qualquer um tinha direito à própria oração, mas o mote que prevaleceu nas passeatas de domingo, 11,  foi o da manipulável liberdade de expressão, sintetizado no slogan que correu o mundo: Je suis Charles, em alusão ao semanário que, dizendo-se um "journal irresponsable" , teria levado islamitas ao desatino com seus insultos sistemáticos ao profeta Maomé.

Como Mel Brooks mostrou em seu filme "Primavera para Hitler", quando tudo dá errado, tudo dá certo. Não precisava nem que os 3 rapazes se comportassem como autênticos "jihadistas", papel que não foi ensaiado.  Um deles,  Amedy Coulibaly, era delinquente desde a adolescência. E, como Cherif Kouachi, outro da mesma ficha corrida, teve seu primeiro contato com um islamita engajado na prisão de Fleury-Merogis (Essonne). Djamel Beghal, que cumpria pena sob a acusação de planejar atentado contra a embaixada norte-americana, passou a ser sua referência religiosa.
No entanto, Hayat Boumeddienne, sua esposa, nunca acreditou na sua conversão. "Amedy não é realmente muito religioso. Ele gosta de se divertir, tudo isso. Não gosta de se vestir como muçulmano (...) Normalmente, é uma obrigação para os homens a ir à mesquita na sexta-feira. Amedy, eu diria que, basicamente, vai à Mesquita a cada três semanas ... "
Diferente dos parceiros, Amedy fez questão de dizer em vídeo que era financiado pelo "Estado Islâmico", uma dissidência do Al Qaeda de atuação local, embora também  procurasse vincular sua ação no supermercado judaico  aos irmãos que se declaram financiados pela facção iemenita do Al Qaeda, a AQPA, que no mesmo dia 7 de janeiro provocou mais de 30 mortes numa explosão de um carro bomba em frente à Academia de Polícia de Sanaa, a capital do Iêmen. Essas vítimas não foram lembradas em nenhum momento das manifestações, talvez por que não passavam de árabes de um país pobre e não viviam no centro da civilização ocidental e cristã.
Nada mais despropositado do que o "descuido" fatal de uma carteira de identidade deixada no carro usado na fuga. Nem tão estranho que um tiro a queima roupa de fuzil AK-47  não tivesse estourado os miolos de um policial francês (por coincidência, muçulmano). Nem mesmo que um veículo da polícia houvesse dado marcha à ré para facilitar a fuga dos assassinos (Veja os vídeos).
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