Raul Castro: “Problema principal com os EUA não foi resolvido”


III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) está reunida desde ontem em San José da Costa Rica com uma pauta que nunca foi tão expressiva nos últimos anos: nesta cúpula 2015 (a 3ª do bloco) os dois principais pontos da agenda são a volta de Cuba à Organização dos Estados Americanos (OEA) e o fim do embargo econômico norte-americano à Ilha.

Além da retirada de Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo, na qual o país foi incluído por ação dos Estados Unidos e que é uma aberração igual ao bloqueio criminoso que estrangula a Ilha há décadas. A expectativa é que o Congresso norte-americano revogue a legislação sobre o bloqueio e que o Executivo, o presidente Barack Obama, nem espere a decisão do Legislativo e adote medidas já ao seu alcance seu alcance para fazer letra morta o infame bloqueio, para modificar "substancialmente sua aplicação".

Um dos primeiros a discursar nesta 3ª Cúpula da CELAC, o presidente cubano Raul Castro passou um recado a Washington e para o mundo. Afirmou, com todas as letras, que o "problema principal (com Washington) não foi resolvido" e sugeriu que o presidente Obama  use as prerrogativas de que já dispõe para mudar a aplicação do embargo à ilha. para modificar "substancialmente a aplicação do bloqueio"

Continuidade do bloqueio é uma violação do direito internacional

"O problema principal não foi resolvido. O bloqueio econômico e financeiro causa enormes danos à população cubana e é uma violação do direito internacional", afirmou Castro. O dirigente cubano disse saber que o fim do bloqueio será um "caminho longo e difícil, que vai exigir um esforço das pessoas de boa vontade nos EUA e no mundo".

No pronunciamento o presidente Castro também cobrou que os Estados Unidos retirem Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo. "Como explicar o restabelecimento de relações diplomáticas sem que se retire Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo?", questionou.

Em um dos momento mais importantes e expressivos de seu discurso, Castro lembrou que seu governo não vai ceder "nem um milímetro" na defesa da soberania nacional. "Representantes do governo norte-americano têm sido claros em precisar que estão sendo mudados os métodos, mas não os objetivos da política. Eles insistem na ingerência nos assuntos internos", disse. "Não vamos aceitar das contrapartes estadunidenses que se relacionem com a comunidade cubana como se em Cuba não houvesse um governo soberano", completou.

Absurdos são cometidos pelos EUA contra a Venezuela

A III Cúpula da CELAC entrará para história não só como o palco da defesa de Cuba e da Venezuela, mas colocará luz sob alguns dos absurdos cometidos pelos EUA em nome dos direitos humanos e da democracia. Raul Castro está certo em seu discurso, assim como os líderes reunidos que tentam combater o imperialismo americano que subjuga os países de nossa região.  Frear Washington não será fácil, mas é necessário posicionar-se no mundo contra esse tipo de postura.

Assim que tem que ser e é assim que Cuba irá garantir sua reentrada no comércio mundial e a queda do embargo sem comprometer sua soberania. Todos sabem que a insistência de Washington neste bloqueio já não cabe mais no cenário internacional.

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