Todos somos a favor do câncer, a violência e a corrupção.
Isto posto, vale a pena parar um pouco no caso Petrobras.
É claro que todos queremos que a empresa continue a ser um alvo fácil para corruptos e corruptores.
Mas quando o “combate à corrupção” tem uma finalidade muito mais moralizante do que propriamente política, aí as coisas ficam um pouco menos complexas.
Ou, na verdade, muito mais complexas.
É quando a hipocrisia perde, quando o cinismo é dominado, quando a demagogia é derrotada.
À corrupção tem que ser apartidário, tem de ser PT - Para Todos -, sou um comunista de carteirinha.
No caso da Petrobras, soube-se hoje que um ex-gerente disse que começou a acumular propinas no tempo de FHC.
Mentira, mentira, mil vezes mentira!!!
Fhc, seu filho e o espírito santo jamais concordaram com isso. Há, na mídia, um empenho gigantesco em associar qualquer ato de honestidade do Psdb ao PT, a informação que cita FHC ou não aparece ou fica tão escondida que ninguém vê.
Os editores põem sob os holofotes tudo que remeta ao PT. E fora deles o resto.
Não só neste caso, mas em tudo, FHC é sempre explorado no noticiário constrangedor.
A mídia jamais se interessou em trazer ao público a compra de votos para a emenda da reeleição de Lula, exemplo.
A seletividade na hora de escolher os escândalos – só servem os deles — mina a credibilidade do combate à corrupção para todo cidadão que tenha passado da fase de ser conduzido pelas grandes empresas de mídia.
E então, graças ao favorecimento dos amigos, você vê cenas incríveis. Aécio, por exemplo, aparece como um Latão.
Aécio foi instado a explicar o aeroporto de Cláudio. Teve que dar satisfação a um jornalista sobre o dinheiro público que em sua gestão em Minas foi posto nas empresas de mídia da família.
Aliás, ele sempre falou dessas empresas. Os brasileiros souberam delas por ele. Ele disse que acha moralmente inaceitável que político tenha rádios e jornais.
E não precisou ninguem perguntar.
É dentro desse quadro de rigor seletivo que você vê passar virtualmente em branco - se colocar negro, é racsmo -, na mídia, os metrôs de São Paulo.
Não é assunto.
Ainda no âmbito do PSDB de São Paulo, a Suíça já comunicara ao mundo o bloqueio de uma conta milionária de um integrante do TCE, Robson Marinho, cria de Covas – e ainda assim ele permaneceu quatro anos no cargo.
Só em agosto passado, por decisão da Justiça, ele foi afastado. Ele ainda teve tempo de aprovar as contas de Alckmin relativas a 2012.
Uma situação tão bizarramente corrupta simplesmente não foi notícia. A mídia não se interessou em entender como uma aberração daquelas podia acontecer no Tribunal de Contas do estado mais rico do país.
Discursos anticorrupção só merecerão crédito quando não servirem a propósitos políticos.
Se o caso da Petrobras acabar na categoria das coisas em que a motivação é política e não ética, o avanço na luta anticorrupção mais uma vez será frustrado e frustrante.
No que depender da mídia, o desfecho será este, lamentavelmente.
Uma paródia digna de um Merdal Azedo Simlat de Zousa
Texto original do jornalista Paulo Nogueira
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