A grande mídia até deu no 1º dia – no da execução da Operação Zelotes desfechada pela Polícia Federal (PF) para apurar o que está sendo visto como o escândalo financeiro de maior volume da história do país. Os cálculos iniciais indicam que envolve nada menos que R$ 19 bilhões. A roubalheira funcionava no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) e era patrocinada por um conluio de funcionários da Receita Federal com grandes multinacionais e empresas gigantes nacionais.
O CARF é a instância que resolvia litígios tributários, o conselho a que podem recorrer os que se julgam – pessoas e empresas – grandes vítimas do Fisco nacional, que tenham recebido multas milionárias aplicadas pela fiscalização da própria Receita Federal. Lá, o recurso que interpõem é julgado por juntas presididas por servidores do Ministério da Fazenda e por mais três outros servidores públicos, mais outros três representantes dos sindicatos patronais.
No CARF, segundo um levantamento publicado ontem em sua coluna pelo jornalista Elio Gaspari, tramitam atualmente 105 mil processos com R$ 520 bilhões em autuações contestadas. Na ofensiva de agora para desbaratar a quadrilha a A PF já achou 70 processos com desfechos suspeitos. Qual a suspeita, praticamente confirmada: os grandes autuados com multas "engraxavam", pagavam por baixo do pano funcionários do CARF para que eles reduzissem as altas multas a pequenos valores.
Isso tudo a grande mídia, obrigada, deu no 1º dia da Operação Zelotes, na segunda metade da semana passada. E ficou por isso mesmo. De lá para cá fazem de tudo para esquecê-lo ou, se dão alguma notinha, o fazem de forma escondida.
Será que isso tem a ver com a lista de empresas que recorreram ao CARF? Vocês viram a lista? Tem nomes: Bradesco, Santander, Safra, Pactual, BankBoston, Ford, Mitsubishi, BR Foods, Petrobras, Camargo Corrêa, Light, grupo Gerdau, Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS…e por ai vai.
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