Lula resgata manchetes de 2003 e defende Dilma e o PT

Cíntia Alves

Jornal GGN - Nesta terça-feira (31/3), o ex-presidente Lula fez um longo discurso em defesa do legado dos mais de 12 anos de PT no governo federal e da gestão da presidente Dilma Rousseff, que atravessa uma crise política e econômica registrando queda acentuada de popularidade desde a reeleição.

Lula lembrou do ajuste fiscal que teve de fazer em 2003, quando tomou posse do Palácio do Planalto pela primeira vez, destacando que, àquela época, assim como agora, a imprensa trabalhou para sublinhar apenas as dificuldade do ex-presidente em fazer o que era "necessário". "Eu fiz ajuste mais forte do que esse em 2003. Eu fiz o ajuste necessário. E agora a companheira Dilma teve a necessidade de arrumar a casa", sustentou.

Arrancando risos da plateia presente no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Lula resgatou as manchetes dos jornais.

"A manchete do Globo, em fevereiro de 2003, era sobre os cortes que eu fiz no orçamento. Foram 14 bilhões de reais. Dizia que eu aumentava o aperto no orçamento. Em março de 2003, a manchete era: 'Lula tem a primeira queda de popularidade'. Essa é do Estadão. Ainda em março, 'Lula ataca esquerda e sindicatos, e ainda ataca privilégios de aposentados.' Depois, 'Lula aumenta juros.' 'Governo muda reforma.' 'Movimentos sociais se unem e aumentam pressão sobre Lula.' 'Governo enfrenta onda de boatos sobre o dólar.' 'PIB zero pode prejudicar o governo.'"

Segundo Lula, em janeiro de 2007, início do segundo mansato, a Folha afirmava: governo recomeça sem rumo e envelhecido. "Era o fim do governo Lula? Nessa [matéria], o Stédile [MST] dá uma entrevista e fala: 'Lula está em dívida conosco'", lembrou o petista, arrancando mais risos da plateia. "Pois bem. As manchetes de hoje são mais violentas e muito mais dura do que foram comigo", acrescentou o ex-presidente. 

Em seguida, Lula pediu atenção da imprensa que cobria o evento para a seguinte fala:

"O preciso dizer é que, até hoje, nós não fizemos o debate correto sobre a questão da corrupção nesse país. Acho que nós sempre achamos que a corrupção não era algo para nós debatermos. E aqui no estado de São Paulo [palco da principal manifestação antigoverno do dia 15 de março], ela é crônica historicamente. Eu lembro que Jânio Quadros foi eleito com o lema da vassourinha. Aqui em São Paulo, circulou a frase 'rouba, mas faz'. Aqui. toda vez que teve eleição para o Estado, o tema corrupção sempre foi abordado com muita violência, e nós achamos que não era nosso debate. É um tema nosso. Porque foi o tema da corrupção que levou Getúlio Vargas à morte. Foi o tema da corrupção que fez com que eles destruíssem Juscelino. Foi o tema da corrupção que fez com que eles pensassem no meu impeachment em 2005, e só não tiveram coragem [de levar a cabo] porque tiveram medo do povo brasileiro", disparou Lula.

Ovacionado, o presidente de honra do PT discursou em defesa da Petrobras e do ex-presidente José Sergio Gabrielli, a quem disse ter tido o orgulho de indicar para o cargo. Lula também resgatou todos os trunfos da estatal nos últimos anos, incluindo a capitalização histórica na Bovespa, o descobrimento e exploração do pré-sal e a criação de milhares de empregos.

Antes de Lula, Vagner Freitas, presidente da CUT, falou em nome dos segmentos sociais insatisfeitos com o pacote do ministro Joaquim Levy para a economia. 

Para Lula, os movimentos sociais precisam lembrar que Dilma tem compromisso com a população. "A Dilma é resultado nosso. Ela tem compromisso conosco. Não podemos deixar ela exatamente por isso: porque o que querem é tirar o povo do governo."


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