Fernando Brito - nasce uma nova classe: a lumpenburguesia

Um dia alguém tem de escrever contos e romances sobre nossa época!
Fazer filmes e seriados!
Não será a Globo, com certeza, que irá fazê-lo, porque ela será personagem principal.
Eu arrisco aqui alguns conceitos que podem ajudar os futuros intérpretes desses tempos sombrios.
Antigamente, os marxistas falavam em lumpemproletariado, para se referir às franjas mais ignorantes e ociosas da classe trabalhadora, um segmento com tendência a uma anarquia autodestrutiva, e que não ajudava a sua própria classe nas lutas contra a burguesia.
A palavra vem do alemão, Lumpenproletariat, e significa "seção degradada e desprezível do proletariado", de lump 'pessoa desprezível' e lumpen 'trapo, farrapo' + proletariat 'proletariado'.
Também se usava a expressão "lumpesinato", para se referir aos setores degenerados do campesinato.
Se Marx fosse vivo, e observasse o cenário hoje, poderia inventar o termo (se é que inventou e eu não sei) lumpenburguesia: as franjas degeneradas e desprezíveis da própria burguesia.
Afinal, não são apenas conservadores. São positivamente idiotas.
Aquelas pessoas portando faixas pedindo intervenção militar, em pleno 2015, são representantes desta lumpenburguesia.
Suponho que toda sociedade burguesa deva possuir a sua cota de lumpenburguesia, mas receio que, em alguns momentos históricos, estes setores saiam do controle.
No caso do Brasil, a mistura de analfabetismo político generalizado com uma mídia tão concentrada quanto reacionária, fez com que a lumpenburguesia assumisse a liderança de toda uma classe.
O burguês, que já foi uma classe revolucionária que depois virou conservadora, mas sempre liderado por um setor culto, hoje é guiado por indivíduos que acreditam na Veja e acham que Lulinha é dono da Friboi. Não é chute. Há pesquisa da USP confirmando esse triste fenônemo.
Por isso as eleições de 2014 foram tão nervosas, porque corremos o risco de sermos governados por esses malucos, que vão às ruas protestar contra a corrupção e depois votam em… Aécio.
A lumpenburguesia nada mais é do que o exército de zumbis formado pela mídia. São aqueles que acreditam em tudo que a Globo divulga, apesar de que hoje já se tornaram tão fanáticos que acham que até mesmo a "Globo é petista".
Mas a Globo lhes trata com um carinho de mãe, condescendentemente. Sabe que seus exageros advêm do excesso de consumo das drogas midiáticas que ela mesmo, a Vênus, lhes oferece diariamente.
Os professores de São Paulo põem 30 mil pessoas protestando contra o governador. A Globo não dá nada, ou não dá destaque nenhum.
Já uma manifestação de 30 coxinhas na porta do casamento "do médico de Lula e Dilma" vale uma extensa matéria, cheia de fotos, vídeos e entrevistas com vários representantes.
Uma manifestação bizarra, de franjas mal educadas da burguesia, xingando os convidados, batendo panela.
Trabalhadores fazem protestos o tempo inteiro, Brasil à fora, e não são ouvidos.
Já um punhado de lunáticos de barriga cheia e cérebro vazio, viram capa de jornal.
Como dizia um dos pioneiros do jornalismo americano, Joseph Pulitzer:

"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma."

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