Em sua primeira entrevista depois de filiar-se ao PDT, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes criticou o movimento pró-impeachment e chamou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de "maior vagabundo de todos".
A declaração ocorreu no mesmo dia em que seu irmão Cid Gomes –que também deve se filiar ao PDT neste mês– foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal a pagar R$ 50 mil de indenização a Cunha, por chamá-lo de achacador.
"Cid Gomes era ministro [da Educação] e denunciou que havia um processo de apodrecimento das relações do governo federal com o Congresso Nacional, e que essa deterioração se assentava no achaque, na chantagem. Dito isso, foi lá, meteu o dedo na cara desse maior vagabundo de todos, que é o presidente da Câmara –digo pessoalmente, não como PDT–, pegou o paletó e foi para casa", disse Ciro.
O ex-ministro ainda criticou a decisão que condenou Cid. "Primeiro, eu fico muito impressionado com a agilidade desse juiz. Eu vou examinar isso. Se ele tiver julgado antes de procedimentos mais antigos, ele vai se explicar no Conselho Nacional de Justiça. Segundo, o meu irmão vai recorrer. Porque quem fala a verdade neste país não pode ser criminalizado. Criminoso é quem está denunciado como ladrão."
Cunha foi denunciado pelo Ministério Público Federal sob acusação de ter recebido propina no esquema desbaratado pela Operação Lava Jato. Procurada, a assessoria do presidente da Câmara preferiu não comentar as declarações de Ciro Gomes.
CANDIDATURA
Apontado pelos novos correligionários como o candidato do PDT à Presidência em 2018, o ex-ministro afirmou que o momento não é de discutir candidatura, mas de defender a democracia, ameaçada, segundo ele, por "forças hostis que não aceitaram o resultado da eleição" e que são alimentadas por forças estrangeiras que têm interesse na Petrobras e no petróleo brasileiro.
"Hoje, o moralismo [do discurso pró-impeachment] está a serviço da mais cruel imoralidade. O presidente da Câmara dos Deputados, hoje, que infelizmente representa uma maioria de corruptos, é quem tem o juízo de admissibilidade ou não do impeachment, cuja razão seria um crime de responsabilidade. Só que nós vamos enfrentá-los", afirmou.
"Vou lutar por duas coisas neste momento: a defesa da democracia, de seus ritos, de seu calendário, que considero gravemente ameaçada por uma escalada golpista, e forçar, no limite que a democracia nos permitir, o governo que nós ajudamos a constituir a se reconciliar com os valores e grupos sociais que lhe deram a vitória", disse.
Ciro criticou a política econômica do governo Dilma Rousseff, principalmente a alta taxa de juros –que, segundo ele, desestimula os investimentos no setor produtivo– e mencionou o lucro recorde dos bancos. "O país todo caindo aos pedaços, a população toda com medo, e um setor tendo lucros recordes", disse.
"A presidente padece, sendo uma pessoa séria, de dois problemas graves: uma equipe muito ruim e uma falta absoluta de projeto", completou. Apesar das críticas, Ciro não defendeu que o PDT, que detém o Ministério do Trabalho, desembarque do governo petista.
O ato de filiação aconteceu nesta quarta (16) na sede nacional do PDT, em Brasília. Estiveram presentes o presidente do partido, Carlos Lupi, o atual ministro do Trabalho, Manoel Dias, deputados e senadores pedetistas, uma comitiva de políticos do Ceará, Estado natal dos irmãos Gomes, e o governador cearense, Camilo Santana (PT).
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