Depois do americano Warren Buffett, da herdeira da L'Oreal Liliane Bettencourt e outros 15 franceses e do italiano Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari, agora um grupo de 50 alemães divulgou um manifesto pedindo que o governo da chanceler Angela Merkel aumente a tarifa que eles pagam. A intenção declarada dos milionários alemães é a mesma de seus colegas de outros países: ajudar o governo a combater a crise econômica que se abate pelos países desenvolvidos.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, o grupo se autodenomina "Os Ricos pela Arrecadação de Capital" e está longe de ser rico como Buffett e Liliane, dois dos maiores bilionários do mundo. O grupo alemão é formado por profissionais como professores, médicos e empresários. O fundador é Dieter Lehmkuhl, um médico aposentado que diz ter investimentos de 1,5 milhão de euros (R$ 3,4 milhões). A ideia é que o governo alemão cobre, por dois anos, 5% de imposto sobre investimentos acima de 500 mil euros, e depois reduza esse valor para 1%. Segundo o grupo, a Alemanha arrecadaria 100 bilhões de euros em dois anos.
"Eu diria a Merkel que a resposta para resolver os problemas financeiros da Alemanha, a dívida pública, não é promover cortes, que vão afetar os mais pobres de forma desproporcional, mas taxar mais os ricos", disse Lehmkuhl. "Nós estamos sempre ouvindo sobre pacotes para a economia, mas nunca sobre aumento de impostos. Mas o aumento de impostos são uma forma de sair desta bagunça. É onde o dinheiro está: com os ricos". "Alguma coisa precisa ser feita para evitar que a diferença entre os ricos e os pobres fique ainda maior".
A iniciativa dos bilionários e milionários é inusitada. Ao longo das últimas décadas, há uma disputa entre esquerda e direita sobre como os governos devem tratar a riqueza. A grosso modo, os primeiros defendem que é preciso aumentar os impostos sobre os mais prósperos, enquanto os outros defendem que eles devem pagar pouco para fazer a economia funcionar. O tema é espinhoso e polêmico e, nem de longe, é unânime. O mesmo Guardian destaca a declaração de Harvey Golub, ex-diretor da American Express, aoThe Wall Street Journal. "Antes de 'pedir' mais dinheiro para mim e para os outros, recolha os US$ 2,2 trilhões que você já coleta por ano de forma mais justa e gaste de forma mais esperta". Como se vê, a direita e a esquerda nos países desenvolvidos ainda terão muito a duelar.
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