A coluna "Radar", da Veja, apócrifa desde que Lauro Jardim a deixou, em setembro, publica uma nota que é forte candidata ao "Troféu de Jornalismo Psicografado" e vencedora, por antecipação, ao "Prêmio Eduardo Cunha de Caráter sem Jaça"
Diz que Lula foi ao encontro do PT que aprovou, em maio, a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição com "um discurso no bolso" onde, em lugar dela, lançaria a si próprio como candidato.
Ao chegar – "radiante", segundo a nota – foi chamado para uma conversa a sós com Dilma, de 20 minutos. E deixou de ser candidato, para que Dilma concorresse à reeleição.
Em outra nota, continuação da primeira, diz o Radar que "Dilma trouxe à baila o assunto da compra da Refinaria de Pasadena, negócio fechado no governo Lula quando ela era a presidente do Conselho de Administração da Petrobras." E, em seguida, fala que deste negócio teriam saído "R$ 4 milhões" para a campanha de Lula.
A nota fala que, depois do encontro, era Dilma quem estava "radiante" e Lula, "abatido" e "falou de improviso e não rimou lé com cré."
Sem ter a coragem de assumir, a revista leva seus leitores a acharem que se deu uma chantagem.
Bem, eu não sou dotado de poderes paranormais para saber o que se passou numa conversa a dois, a menos que um dos interlocutores conte.
Não parece crível que Dilma pudesse ter chantageado Lula – que é, afinal, o que a nota diz – e muito menos que vá dizer a alguém que o fez.
Da mesma forma, não se suporia que Lula fosse andar dizendo isso.
Como não tenho as capacidades mediúnicas da Veja, fui olhar os fatos, no caso o discurso do ex-presidente naquele dia, que está reproduzido na íntegra no Youtube.
Lula falou por mais de 35 minutos.
Usou partes do discurso escrito, mas a maior parte foi no improviso, o que não é nenhuma novidade nele. Constangido Lula estaria se ficasse apenas lendo
Se o ex-presidente "rimou lé com cré" para a turma da Veja, não sei, porque criticou duramente a grande mídia e as "elites ingratas" com os progressos do país, o que certamente não é muito poético para a revista.
Não parecia em nada ressentido e foi muito claro quando disse que não havia outro candidato, senão Dilma. O vídeo, no ponto que cito, pode ser acessado aqui.
Mas, para saber mesmo se Lula estava ansioso com a história de ser candidato e gostando de estimular a história do "Volta, Lula", posso, por um imenso acaso, dar uma contribuição pessoal ao esclarecimento.
20 dias antes, na entrevista de Lula aos blogueiros, este escriba que vos entedia, ao final do encontro, ao agradecer a entrevista, fez uma brincadeira – talvez algo inconveniente, mas bem "brizolista" – com as declarações que ele tinha feito, bem claras, de que não seria candidato. Fiz, de forma irreverente, a observação de que ele não deveria dizer isso, para deixar "eles (os conservadores) pensarem que era".
O trecho está aqui, no ponto, e a reação de Lula não deixa nenhuma margem a achar que ele estivesse agoniado com isso.
Agora, brincadeiras à parte, é um retrato pronto e acabado do mau-caratismo da Veja, sem fonte nem provas, atribuir a Presidente e ao ex-presidente um episódio de chantagem desta natureza que – ainda com a comicidade com que se o tratou aqui – é de uma absurda irresponsabilidade.
Diz que Lula foi ao encontro do PT que aprovou, em maio, a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição com "um discurso no bolso" onde, em lugar dela, lançaria a si próprio como candidato.
Ao chegar – "radiante", segundo a nota – foi chamado para uma conversa a sós com Dilma, de 20 minutos. E deixou de ser candidato, para que Dilma concorresse à reeleição.
Em outra nota, continuação da primeira, diz o Radar que "Dilma trouxe à baila o assunto da compra da Refinaria de Pasadena, negócio fechado no governo Lula quando ela era a presidente do Conselho de Administração da Petrobras." E, em seguida, fala que deste negócio teriam saído "R$ 4 milhões" para a campanha de Lula.
A nota fala que, depois do encontro, era Dilma quem estava "radiante" e Lula, "abatido" e "falou de improviso e não rimou lé com cré."
Sem ter a coragem de assumir, a revista leva seus leitores a acharem que se deu uma chantagem.
Bem, eu não sou dotado de poderes paranormais para saber o que se passou numa conversa a dois, a menos que um dos interlocutores conte.
Não parece crível que Dilma pudesse ter chantageado Lula – que é, afinal, o que a nota diz – e muito menos que vá dizer a alguém que o fez.
Da mesma forma, não se suporia que Lula fosse andar dizendo isso.
Como não tenho as capacidades mediúnicas da Veja, fui olhar os fatos, no caso o discurso do ex-presidente naquele dia, que está reproduzido na íntegra no Youtube.
Lula falou por mais de 35 minutos.
Usou partes do discurso escrito, mas a maior parte foi no improviso, o que não é nenhuma novidade nele. Constangido Lula estaria se ficasse apenas lendo
Se o ex-presidente "rimou lé com cré" para a turma da Veja, não sei, porque criticou duramente a grande mídia e as "elites ingratas" com os progressos do país, o que certamente não é muito poético para a revista.
Não parecia em nada ressentido e foi muito claro quando disse que não havia outro candidato, senão Dilma. O vídeo, no ponto que cito, pode ser acessado aqui.
Mas, para saber mesmo se Lula estava ansioso com a história de ser candidato e gostando de estimular a história do "Volta, Lula", posso, por um imenso acaso, dar uma contribuição pessoal ao esclarecimento.
20 dias antes, na entrevista de Lula aos blogueiros, este escriba que vos entedia, ao final do encontro, ao agradecer a entrevista, fez uma brincadeira – talvez algo inconveniente, mas bem "brizolista" – com as declarações que ele tinha feito, bem claras, de que não seria candidato. Fiz, de forma irreverente, a observação de que ele não deveria dizer isso, para deixar "eles (os conservadores) pensarem que era".
O trecho está aqui, no ponto, e a reação de Lula não deixa nenhuma margem a achar que ele estivesse agoniado com isso.
Agora, brincadeiras à parte, é um retrato pronto e acabado do mau-caratismo da Veja, sem fonte nem provas, atribuir a Presidente e ao ex-presidente um episódio de chantagem desta natureza que – ainda com a comicidade com que se o tratou aqui – é de uma absurda irresponsabilidade.
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