por Izaías Almada, especial para o Viomundo
Antes de qualquer coisa, gostaria de dizer aos eventuais apressadinhos em querer interpretar o título desse artigo como sendo uma ferina ironia enviada ao cidadão brasileiro José Dirceu de Oliveira que podem ensarilhar as armas, pois é exatamente o contrário.
O meu desejo é sincero, apesar das circunstâncias e das dúvidas em que se encontra o ex-ministro, preso há meses pela segunda vez.
Como sei que será também sincero o desejo de milhares e milhares de brasileiros que, mesmo em dúvidas quanto à segunda prisão, até hoje não entenderam como José Dirceu pode estar preso e condenado duas vezes, sem provas, (confesso que não vi provas, exceto as que foram apresentadas pelo juiz Moro a partir de delações), e outros cidadãos – alguns até com documentos acusatórios comprometedores – circulam livremente pelo país sob a mais deslavada proteção a aquilo que alguns gostam de chamar de JUSTIÇA.
Ao que acrescento: JUSTIÇA DE CLASSE, ou se quiserem, JUSTIÇA PARTIDARIZADA.
Parafraseando uma afirmação proferida dentro do recinto da mais alta corte de justiça do país há meses, essa sim, de "refinada ironia", para dizer o menos, ouso também afirmar que mesmo não dispondo de provas para a defesa de José Dirceu, a literatura da solidariedade e do respeito aos direitos humanos e aos preceitos legais de um país em que muitos gostam de encher a boca para chamar de democrático, me permitem absolvê-lo.
O ano de 2015 entra para a história do país como sendo o ano em que, na busca da democracia, de desenvolvimento e maior soberania, o Brasil por descuido ou incompetência política, abriu a jaula do fascismo, escondido entre nós desde as décadas de 30 e 40 do século XX.
Ano em que grandes defensores dos valores democráticos (e aqui não estou sendo irônico, mas debochado) resolveram não aceitar os resultados das urnas da última eleição presidencial.
Ano de incertezas, dúvidas, angústias, confusões propositais para mostrar ao país – e pior – ao mundo de qual material é feita a nossa nascente democracia: muita areia e pouco cimento. Muito palavrório e pouca ação.
A mentira sobre a realidade do país foi levada a tal paroxismo pelos meios de comunicação (sic) que ainda no último dia 16/12, tive a oportunidade de ver passarem pela Avenida Paulista milhares e milhares de cidadãos e cidadãs expressando a sua insatisfação e ser – no início da noite – confrontado com uma informação de que ao ato não estiveram presentes mais do que três mil pessoas.
Exageraram na dose e tiveram que reconhecer no dia seguinte que pelo menos 55 mil pessoas por lá passaram. Posso garantir que foram mais.
Não se trata, evidentemente, de saber aqui qual a maior torcida. Isso pode até ser irrelevante em alguns casos. O grave é saber que esse tipo de mentira, essa manipulação covarde e contra os interesses da maioria do povo brasileiro, envolve não só o número de manifestantes contra ou a favor do governo, mas permeia – destilando ódio e preconceito – os fatos mais relevantes para a construção de um país soberano e distribuidor de melhor justiça social.
Alguns irresponsáveis estão forçando a barra. São atitudes e procedimentos de que nunca se sabe bem o final. A política, ao contrário da matemática, não é uma ciência exata, como alguns talvez possam imaginar. Nela, nem sempre dois e dois são quatro. E costuma girar 180 graus em apenas 24 horas.
Portanto, feliz natal, José Dirceu. Que você possa voltar em breve ao convívio dos seus.
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