Economia real e economia de guerra

Comentário sobre o post: A melhor amiga do Banco Central é a inflação 
por Alexis


O post questiona o exercício do poder central e, ainda, teoriza em relação às travas que Brasil possui no seu lento caminhar rumo ao desenvolvimento. Discordo, em geral, da tese aqui levantada.
Vácuo de Poder?
Sobre a tal de “falta de comando” ou “corrosão” dos poderes da Presidência, já foi amplamente discutido aqui, noutros posts, que o Republicanismo do Governo esbarra na parcialidade política existente – embora com exceções – em muitos dos organismos como poderes ditos “sem voto”. Nessa cojuntura temos duas opções: jogamos o jogo político dos oponentes – priorizando o conteúdo político nas decisões, ou agimos em forma republicana, abrindo o jogo, perante a população que ainda raciocina com algo de boa vontade, e mostrando aqueles poderes ou pessoas que agem em contrário aos interesses do povo. Eu compartilho a segunda tendência, que diz que devemos confiar sempre no que consideramos seja correto (ou que pessoas de bem achem seja correto), no caso o Republicanismo, não apenas no que for conveniente para o momento. No futuro, se desejamos um Brasil melhor, de brasileiros melhores, as futuras elites irão sendo preenchidas por gente com os valores republicanos aqui defendidos.
Dilma não está errada se um Procurador questiona ou se um Delegado da PF afrontar. Erradas estão essas pessoas e, a primeira aposta, é de permitir que estas sejam expostas perante a sociedade ou reajam em favor do Brasil, gradativamente. Lembrando ainda, que, na globalização vigente, poucas pessoas vociferam contra o poder vindo das urnas se, por acaso, não tiverem por trás outro poder que lhes outorgue mais seguridade e confiança. Já sabemos disso.


No futuro, quando o brasileiro com dinheiro encontre atraente investir, morar e até morrer no Brasil algum dia; quando as nossas crianças consigam achar mais divertida a turma da Mônica ao invés do Pato Donald, e outras “bobagens” assim; apenas aí poderíamos dar inicio a uma nova geração de brasileiros, cujas elites caminharão para dentro de um Brasil melhor e não mais para Miami. Não devemos brigar com o que achamos sejam coxinhas ou maus brasileiros, pois muitas vezes eles são enganados, tanto pelo que percebem de fora, como pela postura caricata que os meios de comunicação querem colocar no Governo e na gente progressista, dentro do Brasil. O exemplo deve partir de nós.
A Economia de escritório
Afirma Nassif: “Uma avaliação incorreta (do BC) que produziu uma devastação na economia”
Um palpiteiro do BC esqueceu observar com atenção a tal Curva de Phillips.....aí fodeu tudo!!
É isso, o Brasil está nas traças por causa da Curva de Phillips, que horror!
O nível de atividade desabou, a produção industrial caiu mais de 10% em um ano, o PIB poderá cair 6 pontos em dois anos e a inflação não cedeu. Cadê a Curva de Phillips? (Pergunta o Nassif).
A Economia Real
Economia planejada, da época do Celso Furtado, da época em que era uma “Ciência Social”, até a metade dos anos sessenta. Depois, já sabemos, o mundo foi invadido pelos “Chicago” boys.
Preço
Quando vale ou quanto custa alguma coisa para um particular globalizado? Quanto vale ou quanto custa para o país? Quanto vale ou custa numa relação de permuta dentro do país?
Este tipo de avaliação é muito importante, pois, quando conseguimos girar internamente, pelo menos alguma parte da economia, os custos envolvidos quase desaparecem – na perspectiva do Brasil – mas cresce o PIB, o emprego e até a arrecadação.
Quando ficamos muito atrelados dentro da economia global (com a desvantagem de ainda não sermos desenvolvidos), raciocinamos com preços artificiosos vindos do mundo global, maquiados pelo cambio de moeda e pela manipulação do dito “mercado” (aquela meia dúzia de especuladores). Assim, a tonelada de minério vale o que a China quer pagar; o “preço” do álcool desestimula a produção de açúcar e faz elevar internamente o preço desta; o “mercado” global nos ameaça com aço barato (estaria sobrando segundo eles) para desestimular a nossa própria produção e etc. ( e cadê a Curva de Phillips?).
Temos então a inflação, pressionada por preços artificiosos e pelo câmbio. Se eu troco a você um quilo de arroz por um de feijão e, depois de uma enorme inflação que fez aumentar ambos os preços, eu continuo fazendo a mesma troca com você, simplesmente fugimos da inflação, pelo menos naqueles itens e na quantidade definida. Multipliquemos isso por milhares de atividades e produtos feitos no Brasil e veremos que tanto o dinheiro quanto as mercadorias, acabam-se estabilizando. O cambio, as taxas e as alterações eventuais em períodos inflacionários devem-se ao ataque (sim, ataque) especulativo vindo de algum lugar do mundo global, apoiado por agentes econômicos locais que podem agravar o caso quando há componentes políticos (como o desabastecimento, paralisação programada de investimentos por parte de agremiações empresariais em determinados períodos, greves de caminhoneiros e outras ações já manjadas e orientadas pela CIA). E a Curva de Phillips?
 Investimentos
“Os investimentos despencaram porque não há demanda”. É óbvio (afirma Nassif)
Ou seja, Nassif imagina que o investimento sirva apenas para produzir algo que alguém poderá comprar.
Alemanha construiu mais de 1100 submarinos no período da segunda guerra mundial, e isso não foi para ninguém comprar. Estavam em guerra.
Então, entremos em guerra! Sim, mas contra a pobreza e o subdesenvolvimento. Numa guerra não há investimento para vender alguma coisa, mas há sim investimento em vetores ou no destravamento de outros, que levariam ao país para vencer a guerra que esteja sendo travada. Aliás, Cadê a Curva de Phillips?
Economia de Guerra
Atividades que não precisamos ficar esperando o tal de “investidor” são numerosas, pois temos de tudo aqui no Brasil, e até mais do que o Egito quando fez as pirâmides, ou quando a China fez a muralha. Temos gente desempregada, matérias primas, alimentos, materiais de construção e etc. Uma guerra bacana sem inimigos que possam nos neutralizar, mas apenas a nossa preguiça e a alienação global. Para vencer isso precisamos de consciência, iniciativa e desejos reais de executar:
1.       Infraestrutura: Geral, com uso intensivo de mão de obra, desde obras estruturantes (terrestres ou de navegação) até pavimentação de ruas com paralelepípedos (Atividade implantada com sucesso no Chile, em momentos de elevado desemprego);
2.       Serviço Militar: Serviço do tipo cívico-militar obrigatório. O profissional recém-formado e os estudantes avançados prestam serviços à comunidade – na forma de estágio - em locais distantes, distribuídos mediante critério de interesse nacional (médicos, professores, engenheiros, e etc.). O jovem desempregado, além do seu preparo militar básico, deve estudar e concluir cursos profissionalizantes, dentro do período de serviço militar (não sai com um fuzil na mão, mas com um diploma e com amor ao Brasil). Ainda, este contingente deve participar na execução de obras de infraestrutura, dirigidos pela equipe de engenharia do exército e da marinha.
3.       Esporte Amador: Nas mãos dos Departamentos de Esporte e Escolas de Educação Física das Universidades Federais, irradiando e coordenando o esporte em colégios e escolas, ao longo do Brasil.
4.       Polos de Desenvolvimento: Como o assunto já comentado sobre a produção de aço ao longo do Brasil, destravando a economia local à montante e à jusante. Muitos outros polos, de outras espirais econômicas, poderão surgir.
5.       Substituição geral de importações e negociação no âmbito do MERCOSUL ou América do Sul no seu conjunto;
6.       Conseguir completar as voltas da espiral de crescimento que essas atividade geram localmente. Hoje, a economia trava quando parte importante do dinheiro da “espiral” de crescimento interno passa pela mão de deslumbrado que gosta de Miami;
7.       Outras atividades de “guerra”. Façamos a nossa própria China, aqui no Brasil.
A Coréia do Norte não apresenta estatísticas econômicas, como taxa de inflação ou outros indicadores, mas já desenvolveu armas nucleares (em outro tipo de guerra, que aqui no Brasil não precisamos). Cuba cresceu 4,7% (PIB) em 2014; com apenas 2,7% de desemprego e 5,3% de inflação. Daqui a pouco entrará a fazer parte da economia de mercado e, se não tiver cuidado com a Curva de Phillips poderá então ser devorada pelos novos indicadores econômicos, que sem dúvida – assim como no Brasil – serão manipulados por forças globais (aquele “mercado” de meia dúzia).



Citei apenas dois países que, embora seja discutível a sua “liberdade” (palavra que devemos ter cuidado para usar), notadamente são mais fechados perante a economia global, e isso nos demonstra que os resultados financeiros de um país globalizado sempre são prejudicados no seu desempenho.
Brasil deve-se fechar para balanço (embora parcialmente), estancar as perdas internacionais (saudade do Brizola!) fazer o seu dever de casa, e em seguida, discutir “relação” com o mundo globalizado, inclusive, chamar aquele rapaz Phillips (aquele da Curva) para o Planalto e manter com ele uma conversa séria. Qual é a sua rapaz?

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