Injustiça com Pilatos


POR FERNANDO BRITO · 26/04/2016

A charge do sempre genial Aroeira, desta vez, foi injusta.

Injusta com Pôncio Pilatos, bem entendido.

Porque até ele, dizem versões,  ficou perplexo com a decisão da turba de que Jesus Cristo deveria ser executado e Barrabás, poupado.

Por isso, Pilatos procurava um meio de libertá-lo, mas os judeus gritavam: "Se o senhor libertar esse homem, não é amigo de César. Todo aquele que se faz rei fala contra César. (João, 19:12)

O STF, ao contrário de Pilatos, dá ao salteador Eduardo  Cunha o poder de, ele próprio, julgar e condenar Dilma Rousseff.

Como Pilatos, porém, deve estar preparado para o que o romano acabaria fazendo, pouco tempo depois: o suicídio.

Como irá explicar à opinião pública quando, amanhã, absolver Cunha para não cair em desgraça com o imperador?

Estamos a 15 dias da destituição de fato de um governante eleito.

E os seus integrantes só se mostram indignados quando se fala em golpe.

Nunca quando se fala no fato de que ele foi posto em marcha por um rematado vilão que, há mais de três meses, teve seu afastamento da presidência pedido e que nem sequer examinado foi?

Sem contar o processo na Comissão de Ética, que vai para mais de seis meses e continua na estaca zero, pronto para ser "melado" nos próximos dias.

Não, Aroeira, Pilatos não merece esta comparação de sua charge.

Ele lavou as mãos sem que isso as livrasse da sujeira do sangue derramado.

Estes senhores nem as mãos lavam.

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