POR FERNANDO BRITO
Vou escrever pouco, porque não é hora de adivinhações, além da óbvia de que o que se passa hoje já está definido.
Nem, tampouco, de avaliações ou recriminações.
Independente de seus erros, há uma mulher,de extrema honradez e seriedade, à beira do cadafalso como se uma criminosa fosse.
É a forca a que, afinal, a levam seus linchadores: os derrotados da eleição, a mídia, a elite empresarial e a extrema-direita que, afinal, passou a ter cara própria no Brasil, o que não tinha desde os tempos do regime militar.
Também é constrangedor ver as instituições brasileiras, mesmo sem ter nenhuma ilusão quanto à sua natureza de classe, rebaixarem a antros de dissimulados, desclassificados, irresponsáveis e desprovidos de qualquer traço de dignidade pessoal.
Mas não é só piedade e constrangimento.
Talvez a tristeza vá além disso, porque é inevitável que da usurpação se passem a outros crimes, porque quem ascende ao Governo pela perfídia , na perfídia terá seu método de governar.
"O que ascende ao principado com o auxílio dos grandes mantém-se com dificuldade maior do que o que o faz com auxílio do povo"escreveu Maquiavel, "pois se vê rodeado de muitos que lhe parecem ser seus iguais, e por isso não pode nem comandá-los nem manobra-los à sua vontade".
Vamos entrar num período extremamente crítico na vida brasileira.
O autoritarismo -judicial, policial e governamental – já força as portas das liberdades democráticas.
Ele será a forma de reagir à insatisfação popular com o que virá, que é muito pior do que o que aqui está.
Estamos apenas começando um estranho "quanto tempo dura" de um governo ilegítimo, usurpador e, além disso, urdido para fazer retroceder o Brasil a uma situação colonial que já não é compatível com o nosso presente, como nunca foi com o nosso futuro.
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