Leiam com atenção abaixo o post do jorna-lista Josias de Souza:
Tão chegando ao fundo do fundo mais profundo que a imoralidade consiga chegar. Mas, que ninguém se iluda, vermes do mar sempre conseguiram se superar. A pergunta que fica é:
Até quando?
Não há almas ingênuas no Congresso. Em matéria de probidade, por exemplo, a hipocrisia é total. Mas nos porões de Brasília os parlamentares sempre encontram ambiente para conversar mais abertamente sobre suas aflições. Nos últimos dias, um tema revelou-se incontornável para os aliados de Eduardo Cunha: o cerco jurídico ao personagem se fechou. Com isso, o custo político da operação montada para salvar a cara e o mandato de Cunha está pela hora da morte.
Cunha vive agora uma fase delicada de sua agonia. Diante da profusão de evidências colecionadas contra o deputado, alguns de seus aliados começam a sentir um certo desconforto. E quando alguém se sente um perfeito idiota é porque está começando a deixar de sê-lo. Deve-se a caída em si aos penúltimos movimentos da força-tarefa da Lava Jato e do Judiciário.
Em Brasília, o STF já prepara a sessão em que Cunha será declarado réu pela segunda vez. Em Curitiba, os procuradores e o juiz Sérgio Moro realçaram o ridículo do lero-lero do deputado ao levar a mulher dele ao banco dos réus pelos gastos milionários que fez com o dinheiro sujo extraído das contas suíças que Cunha diz não controlar.
Como se fosse pouco, o Ministério Público Federal incluiu Cunha no polo passivo de uma ação por improbidade movida no Paraná contra desvios praticados na diretoria Internacional da Petrobras. Para desassossego de Cunha, ações desse tipo não estão acobertadas pelo foro privilegiado dos parlamentares. Correm na primeira instância do Judiciário. Se condenado, Cunha perderá os direitos políticos por até dez anos e ainda terá de devolver aos cofres da estatal, junto com outros acusados, a cifra desviada. Coisa de US$ 5,7 milhões.
Na Câmara, a situação de Cunha é mais dramática no plenário. Ali, forma-se uma maioria a favor da cassação, independetemente do resultado da votação no Conselho de Ética. Não é por outra razão que Cunha tenta, num gesto desesperado, aprovar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) um parecer que muda as regras do jogo aos 45 minutos do segundo tempo, limitando os poderes do plenário.
Alguns aliados de Cunha gostariam que ele renunciasse à presidência da Câmara. Faria isso num grande acordo que lhe preservasse o mandato. Por ora, Cunha dá de ombros para essa possibilidade. Em privado, ele tenta reativar a lealdade de sua tropa com um argumento poderoso. Recorda que há muitos outros parlamentares com a corda no pescoço. Afirma que sua cassação abriria uma porteira por onde passariam várias outras. Parece guiar-se pelo lema segundo o qual a união faz a farsa.