No balanço geral do debate da TV Globo com os candidatos a prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), Fernando Haddad (PT) e Luiza Erundina (PSOL) executaram melhor as suas estratégias do que Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB) e Major Olímpio (SD).
Ao contrário de outros debates, Doria e Marta fizeram dobradinhas. Isso foi bom para o tucano, porque evitou confronto com uma candidata que costumava fustigá-lo. Marta preferiu jogar junto com o tucano a fim de tentar desgastar o prefeito Fernando Haddad.
Foi um sinal de preocupação da peemedebista com a possibilidade de ser ultrapassada pelo petista. Marta imaginava usar o voto útil contra Haddad na reta final, mas é ela quem pode ser vítima desse apelo agora.
Erundina bateu duro em Doria, mas ele evitou revidar na mesma moeda, buscando uma atitude olímpica e de bom moço, mas soou arrogante. O tucano procurou sair do debate com o menor dano possível.
Haddad priorizou marcar diferenças com Russomanno, tentando mostrar fragilidades do candidato do PRB ao discutir propostas para a cidade em mobilidade urbana e saúde.
Major Olímpio teve papel de coadjuvante, porque está completamente fora do jogo. Procurou apertar Doria, criticando o governador do Estado, Geraldo Alckmin. Nessa hora, houve um raro momento em que Doria partiu para a ofensiva, afirmando que Olímpio parecia ser candidato a governador e não a prefeito.
Erundina, mesmo sem chance de ir ao segundo turno, foi quem mais esquentou o debate ao bater em Doria, Russomanno e Marta. A candidata do PSOL suavizou os ataques que fazia a Haddad e fez um discurso correto sobre a valorização da política. Ela criticou Doria, dizendo que Doria ele é um candidato com práticas políticas velhas, apesar de se vender como empresário e gestor moderno.
Russomanno deixou para bater em Marta no último bloco. E a senadora do PMDB só defendeu o governo Temer ao rebater uma pergunta de Erundina, dizendo que a crise econômica não é culpa do atual presidente, mas da incompetência de Dilma. Antes, a ligação com Temer constrangeu Marta. Ela defendeu, mas também criticou a reforma do ensino médio, por exemplo.
Em resumo, foi um debate quente, que deixou a clara impressão de que Doria já está na segunda fase, mas que a briga pela outra vaga ainda está aberta entre Marta, Russomanno e Haddad. O prefeito de São Paulo teve o seu melhor desempenho num debate. Foi feliz ao dizer que críticas de Doria, Marta e Russomanno à redução de velocidade em vias rápidas são demagógicas e podem aumentar violência no trânsito.
Resta saber se a reação do petista nesta reta final surtirá efeito para levá-lo à segunda fase. Não será fácil. Mas é fato que Marta e Russomanno trocaram ataques e demonstraram, no debate, que têm medo de Haddad e que sentiram o peso da pressão de uma reta final disputada.
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