Estamos em tempos de Farsa Jato, uma história que somente pesquisadores sérios poderão explicar no futuro, quiçá com auxílio de arqueólogos e escafandristas. Tempos nos quais não é possível distinguir um marqueteiro mal formado, um aprendiz de Power Point de um representante do Ministério Público Federal. Impossível distinguir um juiz no exercício da função de um cabo eleitoral caçando votos num rincão de analfabetos. Aliás, qual o sentido hoje das escolas de Direito e Jornalismo?
Escrevo em estado de convicção sem provas e o faço a propósito de um telefonema que recebi de um repórter de um... digamos, "grande jornal". Aliás, um bom profissional que conhece meu perfil humano e de servidor público. Ele queria saber a razão pela qual "o senhor está contra a Lava Jato". Aqui peço desculpas ao leitor, pois prefiro a expressão "Farsa Jato". E perguntou: "como fica o senhor perante seus colegas?".
Sem ser textual, disseminação reporte que, respeitadas as exceções, enquanto a Polícia Federal e seus capitães do mato não explicarem se são incompetentes ou coniventes para investigar a verdadeira quadrilha que manda neste país, jamais me contentarei com as grandiloquências, pirotecnias, escandalizações policiais tão criticadas pelo juiz Gilmar Mendes, hoje silente sobre elas. A propósito, lembro que houve até decisões e ou enunciados da cúpula do Judiciário, proibindo e ou sugerindo que os juízes não adotassem os nomes espetaculosos das operações da Polícia Federal em suas falas, sentenças, etc. Aliás, consta em lei também, que juiz não deve se manifestar sobre feitos nos quais oficiam.
Não estou contra a operação em si, disse ao repórter. Tenho ou tinha colegas honrados que nela trabalham. Eu estou contra vocês e a dita "grande mídia"; estou contra as violências jurídicas; contra a seletividade; depoimentos sob coação (prisões); pau-de-arara eletrônico. Sim, os delegados foram escolhidos pelos dentes (elite), mas entre zelos e derrapagens, estão cumprindo ordens. Quem sou eu para lembrá-los que entre o Direito e a Justiça fiquem com a Justiça. Eles não podem desobedecer à ordem legal, mas não estão impedidos de pensar, refletir, contextualizar nem de preservar a dignidade. Afinal, são concursados de nível e não xerifes nomeados ou jagunços.
Na conversa, lembrei ao repórter que numa pós-campanha eleitoral, um candidato a deputado me contou que um grande banco havia doado R$ 50 mil para sua campanha, mas queria recibo de R$ 500 mil. Terei que dar R$ 450 mil de notas frias? Outro denunciou que pessoas ligadas à empresa de segurança privada estariam fazendo o mesmo. Sem contar aquele que dentro ou próximo do Edifício Joelma (Centro – São Paulo) recebeu dinheiro e foi impedido de declarar. Quantos nessa situação?
Dei orientação legal, mas desconheço o desfecho. Eis o modelo corrupto, esclerosado e cancerígeno que a sociedade se recusa a debater - reeditado nas eleições atuais. O ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva e a legítima presidenta do Brasil Dilma Rousseff (Fora Temer!) não foram eleitos com dinheiro da venda de estrelinhas do Partido dos Trabalhadores. O dinheiro das campanhas, obviamente, e não só as desses dois políticos ou partido, têm como origem o setor privado. Não existe capitalismo samaritano e empresário não faz doação: investe. Sem contar que o Vaticano não financia campanhas políticas. Eis a reflexão primária, intocável, inexorável e inadiável.
Nesse contexto, quem pensa que sou comunista, que tenho que ir para Cuba (por tentar debater o modelo sujo) sugiro que vá para o Haiti, que é capitalista. Não existe combate à corrupção; não existem juiz, delegado, procurador, repórter. Vislumbro cabos eleitorais golpistas, absolutamente descomprometidos com a democracia. Estão perdendo a oportunidade de passar o Brasil a limpo, em que pese todo instrumental jurídico-legal que a legítima Presidenta Dilma Rousseff (Fora Temer!) lhes colocou à disposição. Ou se reflete sobre isso ou tudo não passará de uma farsa policialesca, ministerialiesca e judicialesca sem precedentes.
Tudo muito primário e de clareza cristalina. Mas, vai tentar explicar isso para Sérgio Moro, sacripantas e sevandijas...
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