por : Nathali Macedo
Quem é ela?
A pergunta do título não é retórica. Eu realmente nunca ouvira falar de Alexia o dia em que, de acordo com o deputado federal Pedro Vilela, ela teve a infelicidade de disparar que “paga o Bolsa Família dos nordestinos”.
Fui pesquisar. Descobri que Alexia, descendente de europeus e criada em Búzios (RJ), começou a carreira como modelo da Calvin Klein e estreou na televisão, numa novela global, por indicação de Gilberto Braga, a quem ela mesma chama de “seu padrinho televisivo”.
Terminou com personagens secundários na Globo. Ela era aquela que interpretava a amiga da amiga da protagonista, o que explica o motivo pelo qual jamais ouvimos falar nela.
Recentemente, numa nova tentativa de fugir do ostracismo, participou do Reality Show O Aprendiz.
Sobre a “carreira artística” da moça, portanto, aparentemente nada digno de nota: apenas uma modelo que a globo transforma em atriz, como se a sexta arte estivesse ao inteiro dispor de uma mídia canalha.
Lamento, mas não está. Há artistas de verdade nos quadros da Rede Globo. Esses não lambem as botas da emissora porque não precisam: estão lá pelo talento. E pelo talento podem estar em qualquer outro trabalho (e deveriam, se me permitem uma sugestão).
Talento não é o forte de Alexia. Foi atriz por conveniência dos padrões de beleza: é loira, rica e bem nascida. Sangue azul. E para obedecer ao protótipo, precisa, é claro, dizer asneiras.
Primeiro, o Bolsa Família não é dos nordestinos, é das pessoas pobres do Brasil inteiro. Mas por que ela se preocuparia com os miseráveis do país?
(Fique tranquila, Alexia, porque no que depender de Michel Temer, os miseráveis continuarão miseráveis e os privilégios de gente como você serão mantidos.)
Segundo, a “atriz” não paga o Bolsa Família do Nordeste, do Sul ou de lugar nenhum. Ao contrário do que disse, ela não é povo, em nenhum dos sentidos do termo. Ela é elite. E nós, o povo brasileiro, sustentamos os privilégios desta elite branca e rica.
Não vou dizer que nós temos Tom Zé, Raul Seixas e a primeira capital do Brasil – isso seria chover no molhado. Só vou perguntar, com sotaque baiano e tudo:
Que orixá é Alexia Dechamps no Dique do Tororó.
Sobre o Autor
Colunista, autora do livro "As Mulheres que Possuo", feminista, poetisa, aspirante a advogada e editora do portal Ingênua. Canta blues nas horas vagas.
É uma perua
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