Moro o novo "Engavetador-Geral da República"?


(...) e o fenômeno da corrupção seletiva que protege os bicudos e emplumados tucanos graúdos. Abaixo mais um excelente texto de Sérgio Medeiros



Geraldo Brindeiro, o nome dele é este, foi Procurador Geral da República durante todo o governo Fernando Henrique Cardoso -PSDB, e se notabilizou por, neste período, de oito longos anos, ter arquivado quase todos os inquéritos e processos que envolviam políticos do partido do governo ou de aliados necessários.
Este fato foi tão marcante na história brasileira - que tem como uma de suas muitas máculas, a impunidade dos agentes corruptores e exploradores do Estado – que, num talk show*, da BBC Londres, o entrevistador Stephen Sackur, conseguiu deixar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso totalmente desnorteado ao fazer uma singela constatação.
Na ocasião, ao ser perguntado sobre a corrupção em seu período de governo, o referido ex-presidente arguiu – com um orgulho néscio - que em seu governo ninguém de seu partido havia sido processado ou condenado.
A esta resposta, o entrevistador fez uma demonstração prática do absurdo de tal resposta.
Em outros termos, uma análise lógica de um fenômeno social  (a ironia, o repórter ensinando sociologia básica a um sociólogo).
Ele, simplesmente deu a entender que a corrupção não some como que por acaso, ainda mais num país que sempre foi assolado por forte corrupção sistêmica (fenômeno apontado pelo próprio Fernando Henrique), ou seja, algo que acontece em todos os níveis e mais acentuadamente em setores da economia em que ocupantes do setor político do governo, ainda que via Congresso, tinham ingerência.
Prosseguindo.
Em sua resposta, insiste claramente que, não é possível que em todos estes anos do governo PSDB-FHC, não houvesse corrupção, corruptos, e pontualmente, algum combate a este fenômeno deletério, normalmente seletivo (nada de novo, portanto).
Nesse ponto, pode-se perceber de forma clara a descarada mentira e acobertamento da corrupção existente, por detrás da resposta de Fernando Henrique Cardoso -, pois seria de fácil constatação que, se em toda a história brasileira, nunca houve sequer um período em que a corrupção tenha, ainda que por breve instante, cessado, não haveria plausibilidade em uma afirmação que advogasse o  sumiço de tal prática de forma pontual durante exatos 08 anos.
Em outros termos, se em todos estes 500  anos houve corrupção, ininterruptamente, isto, sem motivo aparente, não teria simplesmente deixado de existir, a resposta, desenganadoramente seria outra.
Dai a surpresa e a impossibilidade de ser verdadeira a resposta dada por Fernando Henrique Cardoso – na qual,  somente nos 494 anos anteriores houve corrupção – pois, no período de 08 anos, que ele e seu partido o PSDB, governaram o país - por incrível que possa parecer, ela teria dado uma trégua – e, deste modo, as tão contestadas -  privatizações em massa e concessões públicas, ocorreram limpamente – num país sem corrupção, que, por acaso, coincidiu dia por dia e hora por hora, com o período deste governo – o que seria atestado pelo fiel Engavetador Geral da República (algo na linha, la garantia soy yo).
Depois deles – governo e engavetador -, tudo voltou ao normal, e a corrupção seguiu novamente seu curso.
E, nunca mais houve um Engavetador Geral da República, nem trégua da corrupção, o que, diga-se de passagem, deve ter sido mera coincidência.  
Pois bem.
Neste momento vivemos um novo surto, que podemos denominar de “novo engavetamento”, por apresentar sintomas similares ao anterior e, no mesmo campo, o da corrupção.
O vírus, letal, respeita apenas um setor, que por incrível responde pelo mesmo nome, o mesmo PSDB.
E ai a pergunta? Será mera coincidência, ou serão as antigas vestais.
Sacerdotisas, virgens, puras e consagradas a Deuses onipotentes (qual o nome destes deuses? teriam nomes anglo-saxões?? gozariam de poderes imperiais ?? business, money, bank, fortune, peculiars devils).
O foco, todos sabem, esta num local denominado República de Curitiba e, no caso, podemos pular esta parte, por demais conhecida, e cheia de detalhes sórdidos (como se os anteriores não bastassem).
O fato é que, na Operação Lava Jato, em que se reconhece a corrupção sistêmica, já decorreram dois anos e, eis que novamente, se olharmos com atenção, poderemos constatar o mesmo fenômeno viral e, pasmem, com o mesmo partido, sendo que a podridão destes mortos vivos esta matando toda a decência nacional.
Nestes dois anos, o Juiz Sergio Moro, se destaca por não ter políticos oriundos do PSDB como investigados ou réus.
E mais, ao ser entrevistado, arguiu que não existem evidências ou investigações que levem a conclusão que participantes desta agremiação política tenham qualquer envolvimento.
A história se repete.
A epidemia é a mesma, portanto, a destruição será de igual porte – os direitos sociais serão dizimados, assim como o patrimônio nacional será dilapidado.
A peste (como poderia ser denominada), por seus portadores, foi logo reconhecida e chegou a tal ponto que um de seus disseminadores, deputado do PSDB, recentemente teve o desplante de dizer, “Me processa. Eu entro no Poder judiciário e por não ser petista não corro o risco de ser preso”.
Este é o grau de degradação legal e moral das instituições deste pobre país.
A desfaçatez é tamanha, que ate mesmo no interior desta imprensa conivente e medrosa, transpiram inúmeras denúncias, entretanto, nenhuma consegue quebrar a barreira das convicções judiciais, que via de regra se direcionam para violar a lei, não para honrá-la.
A constatação de seu deturpado uso é por demais evidente.
A história, por ser vista ao longo do tempo, permite tal clareza de visão.
Sim, porque somente uma estrutura extremamente forte e degradada, somente comparável a períodos ditatoriais (cujo modelo foi adaptado para épocas de pretensa democracia), poderia impor a inocência de todos os ocupantes de um partido, que durante 08 anos foi governo, e que, depois deste período, como não poderia deixar de ser ainda continuou tendo forte participação dentro de grandes estatais e de fornecedores destas, por ter se assenhorado de suas estruturas de poder – mas tudo na maior inocência – somente os outros...
O fenômeno do engavetamento que envergonhou o ex-presidente em entrevista junto a BBC Londres, pela impossibilidade de resposta minimamente plausível, esta acontecendo novamente.
E a semelhança do ocorrido anteriormente, quando perguntado ao novo engavetador, se não esta ocorrendo algo impossível, este não fica desconcertado perante a impossibilidade lógica de tal acontecimento, e singelamente responde, são todos inocentes.
O diabo mora nos detalhes, e, se tivermos um pouco de atenção, veremos sua face, e ao olharmos em volta veremos sua obra, destruindo vidas, sonhos e esperança.
Segue link com a entrevista de Fernando Henrique Cardoso e, para servir de contraponto outra com Luis Inácio Lula da Silva.
https://www.youtube.com/watch?v=cNhs2d_ScW4 – Fernando Henrique Cardoso – Hardtalk
https://www.youtube.com/watch?v=CoLZCDuTqgA – Luís Inácio Lula da Silva - Hardtalk

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