Na tarde de ontem, a página do ex-presidente Lula no Facebook publicou a seguinte nota, assinada pelo advogado Cristiano Zanin Martins
"Delações são versões unilaterais de réus que buscam sair da prisão ou obter benefícios pessoais. Todas as referências contidas nas delações devem ser investigadas com isenção e imparcialidade não apenas em relação ao ex-Presidente Lula, mas também em relação a todos os que foram citados, incluindo a sociedade que a Globo manteve com o Grupo Odebrecht, citada na delação de Emílio Odebrecht.
Lula sempre atuou para promover o Brasil no exterior, e não para promover determinadas empresas ou empresários"
O que seria essa “sociedade” mencionada por Zanin?
Em vídeo publicado pelo portal Congresso em Foco, o empresário Emílio Alves Odebrecht, patriarca da empreiteira que leva seu nome, menciona uma “sociedade privada” com o objetivo de “buscar todas as informações” e o “embasamento” para justificar, junto ao governo do FHC Brasif, a quebra de monopólios estratégicos.
Uma das participantes dessa sociedade, segundo Emílio, seria a Rede Globo.
“Inclusive, sobre a parte de comunicações, de telecomunicações, nós chegamos a montar uma sociedade privada… Se não me engano, três ou quatro empresas, uma delas era até a Globo fazendo parte. Contratamos alguém de lá, de Minas Gerais, para ser o presidente dessa entidade, para criar tudo, buscar todas as informações, embasamento do que acontecia no mundo, para que isso acontecesse, para que isso facilitasse aquilo que era decisão de governo, de quebra do monopólio da telecomunicação, da parte da Petrobras, de petróleo, e outras coisas. Fizemos essas coisas.”
Em outras palavras: a Globo e a Odebrecht atuaram juntas, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, para fazer lobby pela privatização das estatais de telefonia e da Petrobras.
O vídeo foi gravado no dia 13/XII do ano passado e trata das relações de Emílio Odebrecht com FHC e a atuação da empresa durante a presidência do príncipe da privataria. Em outros momentos da gravação, o empresário também cita as doações às campanhas eleitorais.
“Eu não tenho dúvida que houve alguma coisa que teve caixa dois e caixa oficial”, Emílio Odebrecht.