A diferença abissal entre um Homem e ratos

MP divulga diálogo de Reinaldo Azevedo, já ex-Veja. Se quiser, publique aqui

POR FERNANDO BRITO 

Outro dia, escrevi um texto dirigido a Reinaldo Azevedo .

Dele discordo em gênero, número e grau. Mas tenho o dever de protestar contra o absurdo de se divulgar um diálogo dele com a irmã de Aécio Neves que não contém nenhum ilícito penal, não trata de corrupção e não poderia, portanto, envolver uma pessoa que, por mais que eu a deteste, não é investigado, réu ou, ao que se saiba, suspeito de nada.

É verdade que Aécio, Andrea e o próprio Reinaldo estão sendo atropelados por um monstro que cevaram e ajudaram a criar. Julga-los culpados ou inocentes é para o processo, não para os promotores. E Aécio, afinal, já está condenado à morte política.

Nem assim se pode assistir o comportamento de Rodrigo Janot, repetindo o pior de Sérgio Moro com os diálogos de Dilma e Lula, atropelando a lei, os direitos e a liberdade jornalística.

A PGR evidentemente está se vingando do fato de Azevedo ter passado a criticar o comportamento dos procuradores, inclusive os da Força Tarefa e o de Sérgio Moro.

E quem criticar os novos e auto-consagrados deuses está condenado a ser exposto como se fosse um meliante.

Reproduzo a nota de Reinaldo Azevedo ao site BuzzFeed e ofereço o espaço do blog para que ele, querendo, publique seus textos, enquanto não conseguir hospedar, de novo, seu blog.

Azevedo caluniou muitas vezes os blogs que ele chama de “sujos”, entre os quais este se inclui, orgulhosamente. E nem assim eu defendo que ele seja perseguido ou cassado no seu direito de expressão.

O Estado policial está em marcha batida, só não vê quem não quer. É dever de todos, independente de tendência política, opor-se à marcha autoritária.

Leia a nota de Reinaldo Azevedo.

Pela ordem:

Comecemos pelas consequências.

Pedi demissão da VEJA. Na verdade, temos um contrato, que está sendo rompido a meu pedido. E a direção da revista concordou.

1: não sou investigado;
2: a transcrição da conversa privada, entre jornalista e sua fonte, não guarda relação com o objeto da investigação;

3: tornar público esse tipo de conversa é só uma maneira de intimidar jornalistas;

4: como Andrea e Aécio são minhas fontes, achei, num primeiro momento, que pudessem fazer isso; depois, pensei que seria de tal sorte absurdo que não aconteceria;

5: mas me ocorreu em seguida: “se estimulam que se grave ilegalmente o presidente, por que não fariam isso com um jornalista que é crítico ao trabalho da patota;

6: em qualquer democracia do mundo, a divulgação da conversa de um jornalista com sua fonte seria considerada um escândalo. Por aqui, não;

7: tratem, senhores jornalistas, de só falar bem da Lava Jato, de incensar seus comandantes.

8: Andrea estava grampeada, eu não. A divulgação dessa conversa me tem como foco, não a ela;

9: Bem, o blog está fora da VEJA. Se conseguir hospedá-lo em algum outro lugar, vocês ficarão sabendo;

10: O que se tem aí caracteriza um estado policial. Uma garantia constitucional de um indivíduo está sendo agredida por algo que nada tem a ver com a investigação;

11: e também há uma agressão a uma das garantias que tem a profissão. A menos que um crime esteja sendo cometido, o sigilo da conversa de um jornalista com sua fonte é um dos pilares do jornalismo”.

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