Persistência no erro, por Breno Altman

Supostas declarações dos ex-ministros da Justiça, José Eduardo Cardoso e Tarso Genro, em entrevista ao Estadão, reafirmando a justeza de indicar, para a Procuradoria Geral da República, o mais votado de uma lista tríplice estabelecida pela Associação Nacional dos Procuradores da República, revelam que setores importantes do PT continuam capitulados ao "republicanismo" que desarmou o partido e a esquerda para o inevitável enfrentamento entre classes e projetos.

O VI Congresso do PT votou resoluções críticas e auto-críticas dessa postura, mas lideranças e correntes seguem renitentes na posição que levou o petismo ao cadafalso como ovelhas ao abatedouro.

"Republicanismo" é o nome moderno de uma concepção que considera o Estado como acima das classes e território neutro de disputa, fruto das ideias liberais, incluindo versões adocicadas do socialismo como as do italiano Norberto Bobbio.

Essa concepção se fortalece na crítica ao marxismo, para o qual o Estado é sempre a ditadura de uma classe social hegemônica, mesmo na sua forma democrática e eleitoral. A formulação marxista conduz à conclusão que, quando eventualmente partidos da classe trabalhadora chegam ao governo, devem agir com firmeza e determinação para submeter o máximo de casamatas e trincheiras institucionais ao seu comando, preparando-se para a contraposição de classe que fatalmente ocorrerá no interior do poder público.

O PT de Cardoso e Genro optou pelo caminho do liberalismo de Bobbio. Os resultados já conhecemos. Triste que persistam no erro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário