Um grupo de procuradores da República do Paraná, de São Paulo e do Rio de Janeiro se reuniu ontem e lançou um manifesto. Com a "Carta do Rio", os procuradores pediram que o eleitor vote em 2018 em candidatos que não sofram acusações de corrupção. Eles prometeram uma atuação conjunta do Ministério Público Federal desses três Estados no combate à corrupção.
Em entrevista, o procurador da República Deltan Dallagnol disse que a Lava Jato travará sua "batalha final" em 2018, ano eleitoral.
O manifesto é uma contestação à liderança da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Há um contraponto à procuradora-geral, com o anúncio de uma coordenação da Lava Jato abertamente paralela à de Brasília.
Será importante ver se Raquel Dodge terá alguma reação ao manifesto ou se ela fingirá que não viu. O clima na Procuradoria Geral da República entre o grupo de Dodge e alguns integrantes do Ministério Público, especialmente do Paraná, é de desconfiança recíproca.
A sugestão de como o eleitor deve votar e a declaração de Dallagnol de que a Lava Jato enfrentará a batalha final em 2018 são atitudes imaturas e autoritárias. Cabe ao Ministério Público identificar condutas criminosas, investigar e acusar.
Sugestão de como o eleitor deve votar não é papel de procurador da República. Alguns integrantes do Ministério Público fazem política abertamente e depois se incomodam de serem tachados de parciais. Tratar um ano eleitoral como uma batalha final da Lava Jato chega a ser infantil. É preocupante o grau de imaturidade e messianismo de procuradores que possuem tanto poder.
O combate à corrupção não é uma luta de boxe com batalha final. Apesar da importância da Lava Jato, esse trabalho não começou ontem nem vai terminar em 2018.
Uma atuação mais técnica e menos política faria bem à Lava Jato e ao Ministério Público. Para o bem da investigação e da instituição, menos guerra interna também seria recomendável.
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